Cuidado com o efeito bumerangue!

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Um homem que gostava muito de criticar os outros chegou um dia à oficina de um ferreiro, criticando as fraquezas de diversas pessoas conhecidas de ambos.

O ferreiro, que era um cristão correto e fiel, escutou-o sem dizer palavra. Quando, por fim, o homem calou-se um momento, perguntou-lhe o ferreiro:

— Você já leu alguma vez a Bíblia?

— Certamente, sim” – respondeu o homem.

— Então, também leu a parábola do homem rico e Lázaro?

— Naturalmente – respondeu de novo.

— Então, deve lembrar-se dos cachorros da parábola?

— Certamente, sim; mas o que isso tem a ver?

— Os cachorros não fizeram outra coisa senão lamber as chagas do pobre Lázaro; e parece-me que você está fazendo a mesma coisa, porque só está procurando lembrar das fraquezas dos outros, sem olhar para as suas próprias debilidades.

O crítico contumaz calou-se, retirando-se envergonhado.

Fazer julgamentos precipitados e injustos sobre outros é como o efeito bumerangue. Originário da Austrália, o bumerangue, quando eficientemente lançado, sempre volta para quem o lançou.

O efeito bumerangue existe por causa da Lei da Equivalência preconizada por Jesus, que disse: “Com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também” (Mateus 7.2).

Quando alguém profere julgamento de modo precipitado e injusto, não somente está pecando contra o próximo e contra Deus, mas também se habilitando a receber de volta o mesmo tipo de tratamento. Foi o que Paulo também ensinou: “Pois aquele que faz injustiça receberá em troco a injustiça feita; e nisto não há acepção de pessoas” (Colossenses 3.25).

Lembro-me do caso do padeiro de uma pequena cidade, que comprava sua manteiga de um fazendeiro local. Um dia, ele pesou a manteiga e descobriu que o fazendeiro estava diminuindo a quantidade nos pacotes, mas continuava cobrando o mesmo de antes. Então o padeiro o acusou de fraude.

Na corte, o juiz perguntou ao fazendeiro:

— Você tem aqueles pesos para balança de dois pratos?

— Não senhor – respondeu o fazendeiro. — Então, como o senhor consegue pesar a manteiga que vende?

O fazendeiro respondeu:

— Quando o padeiro começou a comprar manteiga de mim, achei melhor comprar o seu pão. Tenho usado seu pão de 500 gramas para servir como peso padrão para a manteiga que vendo. Se o peso da manteiga está errado, ele deve culpar a si mesmo.

Bingo! Bumerangue nele! Esse padeiro bem que poderia pertencer à seita fariseus do tempo de Jesus, que eram especialistas nesse tipo de comportamento judicialista tacanho. Ao tentarem se elevar a si mesmos, por causa de seu orgulho e vaidade, procuravam caluniar e difamar o caráter das pessoas que lhes fossem desafetas, destruindo-as.

Jesus confrontou duramente os fariseus por causa desse procedimento, chamando-os de catadores de ciscos: “Por que vês tu o cisco no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o cisco do olho de teu irmão”.

Uma charge com esse roteiro seria muito engraçada. Já pensou em alguém com uma trave no olho querendo tirar o cisco de outra pessoa? Isso mostra que Jesus possuía um apurado senso de humor, mas, mesmo assim, não negociava o valor dos princípios espirituais.

Assim como as leis físicas, os princípios espirituais são leis que, uma vez desobedecidas, cobrarão o seu justo preço. O que aconteceria com alguém que subisse ao décimo andar de um prédio e, pretextando desprezar a lei da gravidade, ou julgando-a inexistente, se lançasse lá de cima? A resposta é óbvia. Por isso, pense no que pode acontecer com alguém que ousa desafiar as leis espirituais de Deus.

A crítica injusta, principalmente pelas costas, é utilizada sistematicamente por todos os “profetinhas com traves nos olhos” que andam na contramão da lei da equivalência, os contumazes “catadores de ciscos”. O apóstolo Paulo chama essas pessoas de “difamadores” e “caluniadores”, incluindo-os na mesma lista dos soberbos, homicidas, inventores de males, desobedientes aos pais, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia (Romanos 1.28-32).

Os difamadores são os mexeriqueiros, aqueles que espalham rumores secretamente. Os caluniadores são os que falam maliciosamente a respeito de uma pessoa. Há “cristãos” que jamais passariam com o carro por cima de ninguém, mas, imbuídos de um falso senso de justiça, “atropelam” prazerosamente as pessoas com suas palavras maliciosas e cheias de veneno.

O primeiro passo para vencermos essa animalidade do caráter é utilizar o antídoto contra isso, ou seja, o amor com que devemos nos amar. Jesus estabeleceu a marca que identificaria os seus discípulos: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (João 13.35).

Paulo disse: “O amor seja sem hipocrisia”. Ou seja: Não finja amar, pois o amor não pode ser fingido. Pedro também falou: “Tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente” (Romanos 12.9; I Pedro 1.22).

Precisamos nos arrepender da maledicência e substituí-la pelas afirmações das boas palavras que só o amor pode gerar. E, se alguém tiver de “falar mal” de outro, faça-o somente a Deus em oração.

Paulo ensina que ao desenvolvermos nossa salvação com temor e tremor, descobrimos que “Deus é quem efetua em nossa vida tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade”, não o acaso. Esse é o segundo passo para não nos deixarmos levar pelo desejo intrínseco de murmurar e contender, debilidades essas que estão na raiz de toda maledicência. Em fazendo isso, não somente nos eximimos do efeito bumerangue, mas também somos reconhecidos como filhos de Deus irrepreensíveis e sinceros, inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, e resplandecendo como luzeiros no mundo (Filipenses 2.13-15).

Quanto ao mais, “não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6.7).

Cuidado com o seu “bumerangue” e guarde bem a sua cabeça. E que Deus nos abençoe.

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