As manchetes ao lado, e outras tanto ou mais sombrias, estão nas capas de jornais, sites e telejornais todos os dias. A geração que nos sucede receberá o legado ameaçador dos graves problemas ambientais que afligem o nosso planeta. Poluição dos rios, dos mares e do ar, desmatamento, redução da camada de ozônio, não só a ameaça, mas a extinção de espécies animais, aquecimento global – são apenas alguns dos itens na pauta de ambientalistas, governos e religiosos. Essas preocupações têm a ver com a sobrevivência da raça humana num planeta cujas reservas estão sendo exauridas a passos largos.
Prefaciando um livro sobre responsabilidade ambiental cristã, John Stott atenta para a responsabilidade ambiental do cristão. Ele diz:
Nós não podemos amar e servir verdadeiramente ao nosso próximo se estivermos ao mesmo tempo destruindo o meio ambiente no qual ele vive, sendo coniventes com a destruição deste ou até mesmo ignorando as circunstâncias ambientais esgotadas nas quais tantas pessoas são obrigadas a viver. Assim como Jesus Cristo se encarnou a fim de entrar em nosso mundo, também a missão verdadeiramente encarnada implica entrar no mundo das outras pessoas, inclusive no mundo da sua realidade social e ambiental.
Os seguintes pontos, tirados da fé cristã reformada, podem servir de base para a formação de uma mentalidade ecológica cristã.
O mundo foi criado por Deus. “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gênesis 1.1). A origem divina de tudo o que existe não significa que nosso planeta é uma extensão de Deus ou muito menos que mereça nossa adoração. Significa que ele merece nosso respeito e nosso cuidado, como o lar que Deus preparou para nós e os demais seres vivos. Significa também que Deus é o soberano Senhor da criação, como disse Davi, rei de Israel, muito tempo atrás: “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam” (Salmo 24.1).
O mundo foi criado bom. “E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gênesis 1.31a). “Muito bom” é o veredicto do Criador sobre a natureza. Ela foi declarada boa tanto pelo seu valor intrínseco quanto por sua perfeita adequação às necessidades humanas.
O mundo funciona de acordo com leis e princípios estabelecidos por Deus. A convicção fundamental da ciência é que o mundo funciona de acordo com leis e princípios regulares e constantes e, portanto, previsíveis. Deus o criou assim e deu condições ao homem de prever as reações da natureza.
O ser humano é único. De acordo com o Cristianismo, o ser humano foi criado por Deus juntamente com a natureza e os demais seres vivos. Nesse sentido, é parte integrante dela. Todavia, ele foi feito de forma única, à imagem e semelhança de Deus, o que o distingue do restante da criação.
O ser humano é mordomo da criação. “Tomou o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar” (Gênesis 2.15). O ser humano é o mordomo de Deus. Não é o soberano senhor, dono e déspota, mas o responsável diante de Deus pelo emprego correto dos recursos naturais, pelo seu próprio desenvolvimento de forma sustentável e pela preservação dos demais seres vivos.
Vivemos num mundo afetado pelo pecado. De acordo com a Bíblia, quando o ser humano foi colocado no jardim se revoltou contra o Criador, precipitou no caos a si mesmo e a criação pela qual era responsável. “Maldita é a terra por tua causa” (Gênesis 3.17).
Deus avisa que aqueles que destroem a Terra, serão destruídos. A Bíblia diz em Apocalipse 11.18: “Iraram-se, na verdade, as nações; então veio a tua ira, e o tempo de serem julgados os mortos, e o tempo de dares recompensa aos teus servos, os profetas, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra”.