O general britânico Charles Gordon perguntou certa vez a Li Hung Chang, um velho líder chinês: “Como se divide a humanidade”. Ele recebeu a enigmática resposta: “Há apenas três tipos de pessoas no mundo: aquelas que não se mexem, as que são movíveis, e as que movem os outros”.
Há um ditado popular semelhante que afirma: “Há três tipos de pessoas: as que nada fazem, as que fazem algo, e as que apenas observam os outros fazerem”. Em suma, há pessoas que apenas existiram, passaram pela vida e não viveram o prazer de ter feito alguma diferença.
Eu gostaria de ressaltar que há três tipos de indivíduos: os que têm bom caráter; os que possuem mau caráter; e os que não têm caráter.
Quanto um indivíduo tem um bom caráter, sua palavra vale mais do que uma assinatura num contrato; e sua honra, a despeito de loas ou críticas, não tem preço, tem valor, mesmo à custa de qualquer dano pessoal. Ele só tem uma palavra, que a fala aqui e acolá, a despeito da audiência ou da importância de outras pessoas. Isto porque, sendo fiel a si mesmo, jamais poderá ser infiel a mais ninguém. Geralmente, quando necessário, todos sabem o que ele pensa, pois assim como pensa, assim ele é. Ele só tem uma cara, e a mostra na sua inteireza, sem maquiagens existenciais, sem as paranoias dos inconsistentes, mas com o conteúdo essencial dos pertinentes e relevantes. Indivíduos assim são o sustentáculo da família e, por extensão, da sociedade. Sem eles, tudo vira pó, inclusive a dignidade e a honra.
O indivíduo mau caráter, esse vive a lógica do bandido, com a ética da bandidagem a tiracolo. É afiliado ao “sindicato da maldade”, cuja essência é alimentada em empregar seus ouvidos aos conselhos dos ímpios, em estabelecer sua caminhada nas largas rodovias dos pecadores e também em tomar assento entre os que escarnecem e zombam da verdade (Salmo 1.1). Este é confiável apenas seletivamente, e tão somente no seu mundo de desconfianças basilares, sendo “justo” na sua medida de “infidelidade fidelíssima”. Este infiel de alma, por não gastar tempo em julgarem a si mesmo, transforma-se ele próprio em juiz implacável de qualquer um que traspasse seu legalismo torto, enquanto urge na prática de todo tipo de crime.
Agora, o indivíduo sem caráter, esse é o bajulador, o lambe-botas, o bucha-de-canhão, um “inocente” a serviço de quem se acha puro demais para sujar as próprias mãos em negócios escusos. Ninguém sabe o que ele pensa, pois só pensa o que lhe mandam pensar. Jamais expressa opinião própria, embora não por prudência ou timidez, mas porque não têm opinião formada, principalmente em coisas que requerem atributos morais e éticos. E porque não têm moral, sua ética é a de levar vantagem no seu próprio silêncio.
O indivíduo sem caráter parece sábio, mas é um tolo útil, embora posando de “inocente”. Nas mãos de líderes personalistas, acaba tendo uma utilidade e importância diretamente proporcional aos serviços que se presta a realizar. Assim, quanto mais sujos os serviços que faz “em nome do chefe”, mais importante se pensa ser. Em reuniões, não se lhe ouve a voz, pois dos seus lábios brotam apenas os amarelados “sorrisos de Mona Lisa”, que nunca se sabe realmente o significado. Este é o primeiro a ser descartado em tempos de crises, quando urge encontrar pessoas sérias e confiáveis. Nem ele próprio confia em si mesmo, mas se acha fazendo a grande obra de sua vida, quando tudo o que faz é uma “obra” que fede e contamina sua história e a de todos os outros no raio de sua influência maligna.
Há um dia certo em que cada um de nós precisa decidir que tipo de pessoa é e quer se tornar na vida. Mas isso vai depender da resposta que cada um dá a questões relacionadas às três visões de vida que encabeçam esta mensagem:
Primeiro, decida entre quais indivíduos você será contado: entre os que não se mexem; entre os que são movíveis; ou entre os que movem os outros?
Segundo, decida se você será achado no seio de qual grupo: dos que nada fazem; ou dos que fazem algo relevante; ou dos que apenas observam os outros fazerem?
Terceiro, decida se você será medido pelo “metro moral” de qual tipo de indivíduo: do que têm bom caráter; ou do que possui mau caráter; ou do que não têm caráter?
Se você é de Jesus, só tem uma resposta possível e viável a cada uma dessas questões, que é a de viver com excelência, cuja caminhada estará calcada em princípios eternos, o que é óbvio demais para ser discutido, simples demais para ser acolhido, e elevado demais para ser compreendido, a não ser que venha calcado na experimentação desses valores na caminhada de sua própria vida. Mas se você não é de Jesus, haverá sempre as duas outras opções, que darão em nada e, no final das contas, virarão cinza.
Por isso, é importante cada indivíduo decidir que tipo de pessoa quer ser na vida, pois “da vida, só se leva a vida que se levou”… e a verdadeira vida está “oculta juntamente com Cristo” (Colossense 3.3). Ou levamos de volta para o Pai a vida de Jesus que vivemos aqui, ou então teremos a incontornável vergonha de ouvir do Pai que nenhum outro modelo de vida valeria a pena viver, só o do Filho, como Ele mesmo disse: “Este é o meu Filho querido, que me dá muita alegria. Escutem o que ele diz!”.