A Bíblia foi escrita para pessoas que gravitaram naturalmente em direção à comunidade. Jesus e todos os escritores do Novo Testamento não compreenderiam o individualismo moderno. Para eles, o indivíduo foi sempre uma parte de um mundo social mais amplo e esse mundo social era primordial. Tornar-se um seguidor de Jesus significava necessariamente juntar-se à comunidade, tornar-se parte de uma nova família espiritual.
Bruce J. Molina escreve em Understanding the Social World of the New Testament (Entendendo o Mundo Social do Novo Testamento): “Cerca de 80 por cento das pessoas em nosso planeta são coletivistas [orientadas para grupos]. O fato significante para os individualistas que leem a Bíblia é que os escritores bíblicos e as pessoas que eles descreviam também eram coletivistas, incluindo Jesus”. Molina prossegue dizendo: “Culturas individualistas são um fenômeno bastante recente. Elas não existiam antes do 16.° ou 17.° século” (p. 18).
Infelizmente, em muitas culturas hoje, removemos do evangelho o que a Bíblia vê como central para o processo de santificação, que é o compromisso com o grupo de Deus. Quando fazemos isso, nos expomos ao naufrágio relacional (participantes de domingo que se concentram na satisfação individual em detrimento da lealdade ao grupo de Deus). A mentalidade de muitos hoje é: “Posso deixar minha igreja e meu salvador pessoal irá comigo onde quer que eu vá”.
Deus, em contrapartida, deseja fazer discípulos que estejam crescendo em seus relacionamentos com outros. Ele quer fazer discípulos que amem uns aos outros, que estejam crescendo no “uns aos outros” da Bíblia e sejam comprometidos com o grupo. Deus, a Trindade, quer nos adaptar à sua natureza de comunidade, em vez de aos padrões do mundo, que exalta o individualismo, materialismo e engrandecimento próprio.
Mudar de uma vida de individualismo para uma de comunidade requer uma poderosa transformação interior. A boa notícia é que Deus pode fazer isso por meio de nós, e isso fluirá aos outros.