Cristo Mestre, o modelo de professor cristão

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No Novo Testamento, Jesus foi reconhecido como Mestre porque destinou parte do seu ministério ao ensino.

Analisando sua prática educativa e o teor de tudo o que ensinou, é possível extrair princípios que formam um modelo de professor cristão para o setor educacional de nossas igrejas. Vejamos alguns:

O professor ensina com autoridade

No Novo Testamento, com certa frequência, a palavra mestre é sinônimo de autoridade ou reverência. Lucas a usa normalmente com o sentido de Senhor. Em Mateus, Marcos e João, Jesus é apresentado principalmente como Mestre ou Rabi. O próprio Jesus afirmou, “vós me chamais o Mestre e Senhor e dizeis bem; porque eu o sou”, João 13: 13.

Rabi ou Mestre era um termo de respeito e autoridade que o homem dava aos escribas ou o estudante ao seu professor. Com a evolução semântica, essa palavra passou a ser utilizada apenas como um título. Uma pessoa era considerada capaz de ensinar a lei quando tinha o reconhecimento de três rabinos.

Contudo, é significante ressaltar as mutações de vocábulos, na língua grega, para pessoas que desenvolvem essa função: didaskalos pode indicar alguém que ensina sobre Deus; epistates, uma pessoa que professa as verdades religiosas; rhabbi, um título usado pelos judeus para seus ensinadores; kathegetes, para um guia que ensina; kurios, um título com que os criados cumprimentavam seus mestres; paidagogos, escravos encarregados de supervisionar e ensinar os filhos de seu Senhor. Mas, todas essas palavras têm ligação direta ou indireta com a ideia de instruir, treinar e educar. Delas nascem o conceito de ensinar e de educar no mundo judaico.

As atitudes, métodos, maneira de relacionar-se e a própria pessoa de Jesus podem ser considerados paradigmas para o magistério com autoridade. Através de relacionamentos, instruções, doutrinas e treinamentos, Ele utilizou muitas formas didáticas que caracterizaram Sua autoridade.

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O professor ensina e as pessoas aprendem

Jesus veio salvar e dar vida em abundância. Entretanto, não utilizou o modelo institucional da época; antes, colocou-se como o próprio caminho para isso. A sua pessoa foi o exemplo a ser seguido e, por isso, constituiu-se no maior ensinamento e, ao mesmo tempo, no maior aprendizado que alguém podia almejar. Ele viu a continuidade de sua obra na forma de uma imitação, ou seja, as pessoas que O seguiam procuravam imitar sua vida em tudo.

O tema central de seu ensino e ministério foi o Reino de Deus. Para Ele, viver o Reino é o único ponto de vista aceito por Deus. É através da compreensão do Reino que uma pessoa deve pautar todo o viver cristão: a ética, a moral, a fé, a esperança, a salvação, a libertação, a proclamação, a solidariedade, a justiça, o amor, etc… Por causa disso, utilizou diversas técnicas didáticas como diálogos, figuras de retórica (provérbios, ironias e outros) e principalmente as parábolas, ou seja, narrativas fictícias com o objetivo de ensinar suas doutrinas e seus preceitos.

Através dessas parábolas é possível conhecer seus principais ensinos. Porque elas são ilustrações de verdades morais e espirituais aplicáveis a situações existenciais de seus ouvintes. Mas, para entendê-las é necessário sujeitar-se à pessoa de Jesus como Messias e aceitar o reino de Deus que estava brotando em seu ministério.

O simples fato de ser mestre ou professor não é em si relevante, porque só há ensino quando há aprendizado. Cristo foi um professor-mestre porque ensinava diferente de outros mestres de seu tempo e, com isso, as pessoas aprendiam.

O professor não se limita a lugar e a pessoas

Nos tempos de Jesus, havia escolas nas aldeias da Palestina onde se aprendia a ler o hebraico e a reconhecer as primeiras transposições em aramaico. Depois, nas escolas secundárias, aprendia-se a interpretar a Escritura com a ajuda das tradições orais.

As sinagogas exerceram função decisiva na organização cultural e educacional israelita. Deram continuidade à instrução que já fazia parte da vivência judaica, desde os relatos do Pentateuco. Nascendo das reuniões patrióticas cultuais dos judeus exilados, elas foram centros nacionais na diáspora e tiverem papel capital quando aconteceu a destruição do templo. Através delas, o ensino foi tão importante para esse povo que foi capaz de manter a unidade da nação durante milênios.

No tempo de Jesus, havia sinagoga em todo vilarejo de certa importância. Entretanto, o ensinamento de Jesus é apresentado nos Evangelhos como uma novidade, em face dos hábitos dos escribas, Mc 6: 1-6. O Mestre soube ser estratégico. Não se limitou a lugar e a pessoas.

Por um lado, selecionou alguns homens para treiná-los, discipulá-los; por outro, dirigiu seus ensinamentos centrais para todos. Jesus ensinava as multidões, seus discípulos, alguns grupos específicos, a indivíduos isolados e aos chefes religiosos. Os lugares eram os mais diversos. Podia ser nas sinagogas, no templo, ao ar livre, nas praças, à beira-mar e ao longo do caminho.

Assim, seu ensinamento parecia diferente aos ouvidos daqueles que o ouviam, mas nem por isso deixou de ser verdadeiro e impressionável. Jesus tinha autoridade para ensinar e não fez ruptura com os conceitos que os judeus já possuíam, porém a sua dimensão foi ampliada.

O professor sabe o que ensina

Jesus era flexível. Usava o Antigo Testamento, a natureza e situações concretas e existenciais em que viviam seus ouvintes. Quando ensinava sobre Deus, sobre o Reino e sua vontade, não se afastava muito dos temas do judaísmo e dos rabinos. O que mudou foi o tratamento que deu aos mesmos conteúdos. Radicalmente se posicionou em defesa da vida do povo e contra as teorias abstratas usadas ideologicamente para manter uma estrutura religiosa e social.

A principal novidade acerca de seus ensinamentos era o que dizia sobre o Reino de Deus. O tema não era novo, mas Jesus lhe deu um novo conteúdo. No judaísmo, Deus era um rei cujo reinado se estendia somente sobre Israel e seria reconhecido por todas as nações ao final dos tempos. Porém, Jesus usou o conceito de Reino de Deus em um sentido escatológico e não no sentido de reinado limitado no tempo e no espaço. A inovação foi que esse Reino já estava pronto a manifestar-se em todas as dimensões, Lc 7: 22, e implicaria em juízo e mudança de vida.

Professor tem aptidão para o ensino

Jesus tinha habilidade para ensinar. Ele foi o mestre ideal porque praticamente empregou os métodos usados hoje em dia: perguntas, preleções, histórias, conversas, discussões, dramatizações, lições objetivas, planejamentos e demonstrações. Ele viu no ensino a oportunidade de formar os ideais, as atitudes e a conduta do povo em geral.

A principal ocupação dele foi o ensino. Embora algumas vezes operasse a cura, outras vezes milagres, pregava frequentemente e foi sempre o Mestre. Ele fez do ensino o agente principal da redenção.

A partir dos ensinos de Jesus, as igrejas precisam ter preocupação maior com educação cristã. É necessário educar as pessoas para a vida cristã, ensinando as doutrinas básicas do cristianismo: Deus, Jesus, Espírito Santo, Igreja, Bíblia, vida cristã, ética e outros. É importante educar para a pratica religiosa, ou seja, o ensinar a respeito de como manter e desenvolver a fé, que permitirá que os cristãos se tornem praticantes e não somente ouvintes.

E, por fim, é necessário também educar para a práxis religiosa. A educação cristã acontece quando se segue o ensinamento de Jesus e isso se faz compartilhando o que se sabe com os outros. Torna-se, com isso, uma experiência comunitária e de transformação histórica.

Conclusão

Ser mestre a partir de Jesus é ter compromisso com reino de Deus e ser responsável em atuar dentro do reino dos homens. Nesta caminhada de ensino e aprendizado, o cristão transmitirá e viverá as ideias do reino dos céus como meio de implantação da vontade de Deus dentro do mundo dos homens. Isso dará novo rumo na vida de quem está aprendendo. Valorizemos, pois, as EBDs em nossas Igrejas.

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