Celebração: o Deus que liberta é o mesmo que sustenta

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Celebração: o Deus que liberta é o mesmo que sustenta

SÉRIE ÊXODO  |  Estudo 6

Texto básico: Êxodo 15—18

Textos de apoio
– Salmos 100.1-5
– Salmos 107.10-22
– Salmos 105.37-45
– Salmos 86.1-17
– Isaías 19.16-25
– Daniel 9.1-19

Introdução

Essa passagem começa com um cântico de vitória. Os israelitas celebram a vitória declarando que o Senhor “triunfou gloriosamente” e que é “a minha salvação” (15.1, 2). O cântico anuncia que Deus habita no seu santuário e “reinará eternamente” (15.18).

O povo deixou o Egito. O exército do faraó foi derrotado. Os israelitas viram o grande poder do Senhor. O Senhor salvou Israel. Esse é o ambiente desses capítulos. Um povo liberto sendo conduzido por Moisés, o servo do Senhor. Há, porém, um misto de experiências. Há celebração pela vitória. Mas há murmuração, reclamação, desconfiança. Finalmente, há uma confissão mediada por um sacerdote.

Esses capítulos introduzem o tema da murmuração e do teste. Diante das dificuldades o povo reclama contra Moisés e contra Deus. Chegam a desejar estar de volta no Egito, onde comiam carne à vontade (16.3), e não entendiam o sentido de terem saído do Egito (17.3).

Vemos aqui uma comunidade liberta pela graça, mas que ainda não entendeu o propósito da salvação e o sentido da liberdade. Eles não são mais escravos dos egípcios. Porém, parecem ainda escravos de sua própria mentalidade de escravidão. Diante dos desafios, têm saudades da escravidão. Agora, a expressão “saberão que eu sou o Senhor” é aplicada também aos israelitas. Eles precisam saber/reconhecer que Deus é o Senhor (15.26; 16.6).

Há uma certa ironia nesse texto, conforme verificaremos. É preciso Jetro, sacerdote de Midiã e sogro de Moisés, levar o povo a confessar quem é o Senhor.

Para entender o que a Bíblia fala

1. Lembra-se da frase, “deixa-nos ir caminho de três dias no deserto para oferecer sacrifício” (5.3). Depois da travessia do mar, o povo caminha três dias no deserto (15.22). Veja no 15.24 o que eles fazem nessa ocasião. O que eles deveriam ter feito? O que isso nos mostra a respeito da compreensão que os israelitas tinham de sua libertação?

2. Depois da falta de água, na metade do segundo mês (16.1), eles voltam a “reclamar” ou “murmurar”. Tiveram saudades da comida do Egito (16.3). Esse tema das queixas/murmurações dos israelitas e de Deus ouvi-las e providenciar o alimento domina essa passagem (16.7, 9, 12). Esse tema será recorrente durante a peregrinação do povo pelo deserto. Compare esse texto com Números 11.4-6.

3. Apesar disso, Deus lhes provê codornizes. Mas cada novo ato da providência e cuidado de Deus visava também mostrar a sua glória e levar os israelitas a reconhecerem (yadah, conhecerem/saberem) que “eu sou o Senhor” (15.26; 16.10, 12). O povo devia reconhecer que Deus não só os livros da escravidão, mas era quem estava em seu meio e os sustentava (17.7).

4. Leia o 17.8-15. Esses versículos descrevem a luta e vitória contra os amalequitas. Curiosamente, nesse episódio não há linguagem de reclamação ou queixa contra Deus. Mas o episódio se contrasta com os capítulos anteriores por ser um desafio aparentemente muito maior que providência de alimento e água. O que isso diz a respeito do povo de Deus?

5. Depois desses episódios, o capítulo 18 narra o encontro de Moisés com o seu sogro Jetro, que era sacerdote de Midiã. Nesse encontro, Moisés conta ao sogro “tudo quanto o Senhor tinha feito ao faraó e aos egípcios por amor a Israel e também todas as dificuldades que tinham enfrentado pelo caminho e como o Senhor os livraria” (18.8). Diante disso, observe qual foi a reação de Jetro no 18.9-12. O que foi que Jetro fez depois de ouvir a história do êxodo?

6. Considero essa passagem do 18.9-12 muito significativa para a narrativa e o entendimento do texto. No plano narrativo, ela encerra a primeira parte do livro de Êxodo resolvendo a grande problemática do livro. Começamos dizendo que os capítulos 1 e 2 lançam o problema. Vimos como o faraó se contrasta com o Senhor, e que os israelitas serviam os egípcios. A libertação visava responder a pergunta de quem é o Senhor e a quem os israelitas vão servir. Veja que Jetro se alegra com o que ouve e faz uma importante confissão: “Bendito seja o Senhor que libertou vocês […] e livrou o povo” (18.10), e observe o que diz no v. 11: “Agora sei (yadah, conheço) que o Senhor é maior do que todos os outros deuses” (18.12)! Essa é a confissão mais importante de Êxodo e que os israelitas tinham de fazer. Deus libertou o povo e é mais poderoso que todos os deuses do Egito. Observe o verbo “saber/conhecer”, tema recorrente aqui em Êxodo. Foi preciso o sacerdote de Midiã para mediar essa confissão. Ele ouve o relato e reconhece.

7. A segunda coisa que Jetro fez depois de confessar que o Senhor foi quem livrou os israelitas é oferecer sacrifícios na presença de Deus (18.12). Esse é outro tema recorrente e que era o objetivo da saída do Egito (5.1, 3; 7.16; 8.1; etc).

Hora de avançar

1. Libertação nunca tem um fim em si mesmo. Há um propósito. Por meio da repetição dos temas do serviço e do conhecimento, os primeiros 18 capítulos de Êxodo nos ensinam que a finalidade da salvação era para que o nome do Senhor fosse conhecido e glorificado. Os egípcios tinham de saber disso, afinal o próprio faraó perguntou a respeito e admitiu sua falta de conhecimento do Senhor (5.2), mas também os israelitas tinham de conhecer o Senhor (6.2-8). Precisavam confessar o seu nome e adorá-lo. A vida no deserto será um teste para saber se realmente entenderam isso. Apesar de deixarem a escravidão, há momentos que parece que não se livraram ainda da mentalidade de escravo. A escravidão permanece dentro deles.

2. Fomos levados do Egito ao Sinai. Da escravidão à libertação. A história não termina depois que o povo sai do Egito. No Sinai tem o encontro com Deus e a instrução. Um povo livre precisa ser instruído em como com/viver com o seu Deus.

3. No plano discursivo ou teológico, o capítulo 18 faz a proclamação mais decisiva de Êxodo, a qual não é muito diferente do que é o centro da mensagem da Bíblia. João 17.3 diz: “Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”.

Para terminar

1. Vejo na vida do povo de Deus hoje, a igreja, muitos ecos dessa história dos israelitas. Assim como os israelitas, fomos salvos pela graça de Deus, pelo sangue do cordeiro. Estamos libertos. Porém, vivemos como peregrinos. E como peregrinos, temos desafios, provações e aflições que devem nos ensinar a colocar nossa confiança em Deus. Porém, como reagimos diante dessas aflições? Respondemos com murmuração, queixa e reclamação, ou respondemos em confissão e adoração?

2. Devemos celebrar com o Salmos 100: “Aclamem o Senhor […] Prestem culto ao Senhor com alegria […] Reconheça [yadah, conheçam] que o Senhor é o nosso Deus” (100.1-3).

Autor do Estudo: pr. Billy Lane

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Fonte