Aprendendo com os erros de Sansão – Parte II

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Quando lemos Genesis 2.18, aprendemos que o próprio Deus reconheceu que a solidão não era a situação ideal para o homem que Ele criou:

Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; eu lhe farei uma ajudadora que lhe seja adequada.

A solidão é um dos problemas mais graves nas grandes cidades, para o qual governo nenhum pode ter solução completa. A solidão pode ser amenizada com encontros promovidos pela igreja ou por outra religião, por grupos sociais, por eventos promovidos por alguma instituição como as prefeituras, mas a noite, quando a pessoa se recolhe e fica só, é a hora que a solidão lança seus ataques mais severos contra o coração.

A solidão não apenas adoece uma pessoa, mas ela em si já é o sintoma do processo de adoecimento. Quando uma pessoa se dá conta de que está só, ela está constatando que anteriormente não investiu em relacionamentos saudáveis e duradouros. O resultado aparecerá quando o tempo de construir pontes passar.

Eu quero fazer uma paráfrase do texto de Gênesis e dizer que “não é bom que o Pastor, que o Líder, que o Presidente, que o Evangelista ou que o Diácono estejam só”.

Lendo a história de Sansão notamos que em nenhum momento o vemos acompanhado de amigos. Nem mesmo seus pais, sua família, aparecem próximos a ele. Ele é um homem só. O líder de um povo numeroso como os judeus, que eram divididos em doze tribos, ocupando grande parte do atual território na terra prometida, não aprofundou amizade, nem laços, nem parceria com ninguém. Sansão vaga no meio do seu povo sem alguém para acompanhá-lo.

Na ausência de pessoas que nos façam companhia, até mesmo o melhor bem que possuímos – carro, imóveis, equipamentos – nada pode satisfazer ou substituir a presença de pessoas. A solidão nos leva à loucura.

Se nós olharmos pela perspectiva humana, sem a necessidade de fazer grandes reflexões teológicas, facilmente veremos que os dois maiores líderes do Novo Testamento foram Jesus e Paulo. Eles nunca andaram sozinhos. Lendo Lucas 10.1, um texto bem conhecido, vemos isso claramente e quero reproduzir o texto para que você observe:

Depois disso, o Senhor designou outros setenta e dois e enviou-os adiante de si, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir. (Lucas 10:1)

Lembrem-se: que o ministério é uma ocupação perigosa, principalmente para o líder solitário.

Obreiros que olham para o lado mais visível do ministério, seguramente farão uma avaliação superficial e enganosa do que é a vida do obreiro e do líder cristão. Olhar somente para os homens de Deus quando estão sobre o púlpito em um grande congresso é fechar os olhos para os ambientes onde ele passa a maior parte do seu tempo e onde gasta as suas energias. A casa do pastor é o lugar onde ele é amado e respeitado, mas onde também é exposto aos problemas que todo homem enfrenta, com esposa e com os seus filhos. E sabe qual é o território mais perigoso para um pastor em crise conjugal? O seu próprio gabinete.

É melhor haver dois do que um, porque duas pessoas trabalhando juntas podem ganhar muito mais. O resultado do trabalho de duas pessoas é maior que o que alcança o solitário. E o próximo versículo diz:

Pois, se um cair, o outro levantará seu companheiro. Mas pobre do que estiver só e cair, pois não haverá outro que o levante. (Eclesiastes 4:10)

“Se um cair…”.Observe como o texto é honesto e claro: se uma das duas pessoas cair… Porque nós somos homens de Deus, e como homens de Deus, estamos expostos a esta possibilidade da queda, que é real para todos nós – então a outra pessoa ajuda a se levantar. A Bíblia revela a sabedoria de Deus e Deus, em sua sabedoria, sabe que não é bom para homem algum estar só, como também não é bom para um líder estar só.

Aqueles que escolhem andar sozinhos e caem, ficam em má situação porque não há ninguém que os ajude a levantar. Por isso o líder precisa de uma esposa, e a mulher sábia, a mulher de Deus, precisa de um marido.

Dois homens podem resistir melhor a um ataque que derrotaria um deles se estivesse sozinho; mas o mesmo ataque facilmente derrubaria e derrotaria aquele que anda só.

Um homem sozinho pode ser vencido, mas dois conseguem defender-se; e o cordão de três dobras não se rompe tão facilmente. (Eclesiastes 4.12)

Como prevenir-se contra a solidão no ministério?

Como a cultura secular no mundo fora da Igreja é uma cultura que privilegia o individualismo, é “mais ou menos normal” que os cristãos – e em especial os líderes cristãos – sejam influenciados pelos pensamentos e modelos que comandam as cabeças das pessoas de fora da Igreja.

Assim, qual é o resultado disso que afeta diretamente os nossos líderes? O pensamento e a compreensão de autossuficiência. Líderes que se acham autossuficientes não faltam por aí, e não é diferente com os líderes cristãos.

A mentoria tem uma grande relação com você quando se olha num espelho. Para ver a nossa própria imagem nós precisamos de luz e do espelho, um espelho “limpo”, se é que você entende o que estou querendo dizer.

É interessante a nossa relação com o espelho, pois olhamos para ele e o espelho nunca mente. Você não conhece um espelho que mente. Todos à sua volta podem dizer como você está legal, como você está com o corpo na medida certa, mas quando você tira a sua roupa e se olha naquele espelho grande do seu quarto, o espelho grita: “Tá barrigudo! Tá gordo!”. Ele não mente. Você pode até desmerecer o que o espelho diz, pode até desprezar, não dar atenção, mas o espelho não mente.

Se nós não nos olharmos no espelho não há como esperar melhoras em nossas vidas. Quando eu vou para a frente do espelho e olho a minha imagem refletida ali, eu não faço isso para piorar a minha imagem. Olhamos nossa imagem no espelho para procurar coisas que precisam ser melhoradas, não para piorar as que estão boas.

 

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