A matemática de Deus é diferente!
Texto Base: Mateus 3.13-17
“Por esse tempo, dirigiu-se Jesus da Galileia para o Jordão, a fim de que João o batizasse.”
Leia a bíblia diariamente
S – Mt 28.18-20
T – Ef 4.1-6
Q – 1Co 2.6-10
Q – Ef 4.30- 5.2
S – 2Co 13.11-13
S – 1Co 1.26-29
D – 1Co 2.12-16
I. Trindade: um assunto polêmico
“Batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” (Mateus 28.19)
A palavra “Trindade” não é um termo que aparece na Bíblia, mas uma definição que se encontrou para falar do mistério de um Deus único que subsiste em três Pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Se não houvesse o esforço para elaborar uma doutrina que esclarecesse este mistério, não haveria como evitar confusões e heresias, como por exemplo:
• Se dissermos apenas que Jesus é Deus, o Espírito é Deus e o Pai é Deus – seres pessoais, eternos e iguais, sem explicar mais nada – corremos o risco de pregar o politeísmo (muitos deuses);
• Se dissermos que Deus é um só, mas Se manifesta na forma de Pai, Filho e Espírito, acabamos negando que o Pai enviou o Filho, ou que o Filho tenha enviado o Consolador, ou que o Espírito intercede por nós;
• Se dissermos que o Pai é maior que o Filho e que o Espírito, acabamos negando a divindade de Cristo e transformamos o Espírito num ato mágico de Deus.
Desta forma, embora sendo polêmica, esta é uma matéria que precisamos aprender e implantar em nosso coração, para que não venhamos a blasfemar e nem a ser enganados por falsas doutrinas.
II. Trindade: um tema incontornável
“Há somente um corpo e um Espírito…há um só Senhor…um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.” (Efésios 4.4-6)
Logo nos primeiros séculos do Cristianismo, os teólogos (chamados Pais da igreja) viram-se impelidos a defender esse assunto, para evitar o surgimento de heresias, uma vez que parecia haver contradição entre a revelação monoteísta do AT e a revelação trinitária de Deus no NT
Era um tema que precisava ser abordado.
Para esclarecer melhor essa questão, precisamos nos lembrar que no AT foi necessário enfatizar a existência de um Deus único por causa do fascínio que o politeísmo exercia sobre os judeus. Essa influência começou no Egito e foi até Canaã:
“Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt 6.4). Em Canaã (a Terra Prometida), BAAL – o deus Sol, o senhor dos Trovões – era adorado com rituais sangrentos.
Ao norte, entre os fenícios, se adorava Astarote – a deusa da Fertilidade, cultuada por meio de orgias obscenas.
Ao sul, entre os amonitas, crianças eram sacrificadas ao deus Moloque.
Naquela época, os judeus ainda não tinham maturidade espiritual para entender o conceito de um Deus Trino sem interpretá-Lo mal (como se fossem três deuses). Por isso, há a ênfase num Deus único.
Muitos séculos depois, nos tempos do NT, quando Israel já havia se libertado da tendência idólatra, Deus Se fez conhecer de uma forma mais completa. Foi então que se sentiu a necessidade de estudar bem mais a fundo a questão, para evitar confusão.
III. Trindade: um estudo necessário
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8.32)
A cada dia surgem novas e estranhas igrejas, tanto no campo das ideias como na conduta que demonstram; fruto da ignorância doutrinária, do sincretismo religioso e da falta de compromisso com o Deus Trino. A falta de conhecimento conduz aos extremos do fanatismo ou da indiferença. Por esta razão é que se faz necessário um estudo sério da sã doutrina. Vejamos, então, algo mais sobre a Trindade.
3.1. Deus, o PAI – Pai de Jesus e de todo aquele que recebe a Seu Filho (Jo 1.12)
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual” (Ef 1.3)
a. Ele é Pai, porque nos criou (Mt 6.26);
b. Ele é Pai, porque nos regenerou (Rm 8.15);
c. Ele é Pai, porque nos amou como filhos (1Jo 3.1)
Deus Pai é a primeira pessoa da Trindade; é Deus Santo, eterno, imutável, infinito, soberano, absoluto, criador, onisciente, onipotente, onipresente.
3.2. Deus, o filho – o nome indica a relação especial existente entre Ele e o Pai
“Também sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1Jo 5.20).
Jesus recebeu essa designação:
a. pelo anjo Gabriel: “Este será grande será chamado Filho do Altíssimo” (Lc 1.32);
b. por João Batista: “Pois eu, de fato, vi e tenho testificado que ele é o Filho de Deus” (Jo 1.34);
c. pelo próprio Pai: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17);
d. pelo apóstolo Pedro: “Pedro disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16);
e. pelo próprio Senhor Jesus: “Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar” (Mt 11.27)
O Filho possui os mesmos atributos do Pai, o mesmo poder e a mesma glória.
3.3. Deus, o espírito – também chamado
“Espírito de Deus, Espírito de Cristo, “Espírito do Senhor” e o “Consolador”. Não apenas isso, mas também é chamado de Senhor e de Deus em 1Coríntios 12.4-6. A Ele são atribuídas várias funções e simbolicamente é identificado por meio de coisas como o “fogo”, o “azeite”, a “água”; a “pomba”, o “selo”, o “sopro”, o “penhor”, o “vento”, etc.
a. Ele é um Ser Pessoal – que pensa, age, sente, inspira, orienta, etc;
b. É eterno – atuou na criação e capacitou muitos para tarefas especiais (perícia, liderança, força, inteligência);
c. Inspirou os profetas e os escritores sagrados;
d. Operou o milagre da concepção de Jesus e acompanhou Seu ministério terreno;
e. Continuou a obra de Cristo na vida de Seus discípulos, a partir do Pentecostes;
f. Opera a restauração na vida dos convertidos e lhes concede dons e habilidades.
O conceito da “Trindade” aparece claramente em passagens como o batismo de Jesus (Mt 3.16-17), o batismo dos cristãos (Mt 28.19), bênção apostólica (2Co 13.14), distribuição dos dons (1Co 12.2-6).
IV. Trindade: uma compreensão proveitosa
“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.” (2 Coríntios 13.13)
Mas, afinal, qual a relevância deste estudo para nossa vida? O que muda ao trazer à mente e ao coração tais conhecimentos?
4.1. Muda nossa autoestima
Compreendendo a natureza de Deus, compreendemos melhor nossa própria natureza. Anima-nos saber que, de fato, fomos criados à imagem de Deus.
4.2. Muda nosso autodomínio
Assim como as três pessoas da Trindade vivem em harmonia, compartilhando a mesma essência, glória e poder, também nós podemos aprender a harmonizar nossa natureza carnal, espiritual e emocional, se nos submetermos a Deus
4.3. Muda nossa estabilidade emocional
A doutrina da Trindade nos assegura que o amor de Deus por nós é proporcional ao amor que flui perfeita e eternamente entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
4.4. Muda nosso relacionamento com Deus
Tal compreensão nos leva a um perfeito relacionamento com cada Pessoa da Trindade, conferindo-Lhes a mesma atenção, o mesmo amor, o mesmo valor e a mesma honra.
Conclusão
Decifrar esse enigma não é, e nunca foi, tarefa fácil. Por mais que tenhamos nos esforçado para entender, haverá sempre algo por aprender. Porém, uma coisa é certa: todo esforço que fizermos, somado à fé naquilo que não podemos alcançar com nossa mente finita, será generosamente recompensado e nos trará firmeza para uma vida cristã saudável e prazerosa.
“Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade” (2Ts 2.13).
>> Autor do Estudo: Agnaldo Faissal J. Carvalho
>> Publicado originalmente pela Editora Cristã Evangélica, usado com permissão.