Um Apelo À Unidade da Fé

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Um Apelo À Unidade da Fé

Texto Básico: Efésios 4.13-14

Leitura: Até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. 14O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Efésios 4.13-14

Anteriormente vimos a declaração que temos “um só Senhor, uma só fé, um só batismo…” e aqui a Bíblia diz “até que todos alcancemos à unidade da fé”. Não parece contradição? Parece, mas não é! O fato é que em Efésios 4.5, ele está se referindo à salvação, a justificação pela fé, que é o primeiro passo rumo à unidade e do pleno conhecimento do Filho de Deus. Mas aqui a declaração da Palavra de Deus de alcançar a “unidade da fé” tem a ver com dizer e crer na mesma coisa doutrinariamente falando; é sermos “um” na verdade de Deus (a sã doutrina). Nesta perspectiva, a igreja local deve usar as suas reuniões, principalmente para unidade da fé. Pois a revelação está na Palavra de Deus escrita e o Espírito Santo nos foi dado para nos ajudar a entendê-la.

Este tipo de “fé” (doutrina) é que nos leva ao conhecimento de Cristo. A expressão “pleno conhecimento” indica algo que está além ou acima do conhecimento e compreensão intelectual. Conhecimento aqui é algo penetrante e profundo, é experimental. Significa conhecê-lo diretamente e ter comunhão e companheirismo com Deus pessoalmente.

A Bíblia fala deste mesmo tipo de conhecimento em várias epístolas paulinas (Fil 3.10-12; Ef 3.18-19). O apóstolo João também aborda o tema em seu evangelho (1.16-17; 6.56-57). Tanto Paulo como João ressaltam que “o conhecimento de Cristo” tem a ver com estar recebendo continuamente algo de Seu poder, da Sua energia e da Sua graça. Quando estamos recebendo estas coisas é sinal que estamos nEle, vivendo nEle, de acordo com a Palavra dEle, e dela se alimentando a ponto de poder dizer “meu evangelho” (2 Tm 2.8). O contexto no qual Paulo faz esta declaração é o do falso ensino. Portanto, ele contrasta com “outros evangelhos”.

Assim como o ramo está na videira, recebendo vida do tronco, é o cristão em relação a Cristo. É óbvio que jamais podemos chegar ao conhecimento absoluto de Deus; Ele só será real quando estivermos com Ele em corpo glorificado. Porém, o nosso desenvolvimento na “unidade da fé” pode nos levar a atingir níveis imagináveis, como bem experimentou a igreja primitiva, “quando todos tinham tudo em comum e ninguém tinha como seu o que possuía” (At 2.42-47).

Alinhados à doutrina

Um dos sinais confiáveis se estamos alinhados na doutrina é se estamos, como igreja, “atingindo a medida da plenitude de Cristo. Isto não tem nada a ver com a medida do físico de Jesus. O sentido é figurado, equivale a dizer: “fulano é um gigante na fé”, numa referência ao seu destemor em agir pelo que crê.

Jesus é, sobretudo, um exemplo de vida. Hoje, Jesus não é lembrado por haver realizado obras faraônicas ou criado sistemas filosóficos, mas sim pelo seu profundo amor vivenciado em todos os momentos de sua curta existência pública; da mesma forma o cristão fiel deve imitá-lO e deixar um exemplo que desafie os outros a lhe seguir os passos. Quando isso ocorre, ele torna-se um homem ou mulher de “peso”, incapaz de ser levado por qualquer vento doutrinário.

Paulo traz à mente dos Efésios a figura de uma criança: “O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro”. Aqui podemos perceber quem é criança e quem não é. A criança gosta de “coisas novas”, qualquer coisa, contanto que seja diferente, moderno. Eu tenho três crianças e todas elas têm um enorme anseio pelo elemento de entretenimento e animação. Quanto maior for o elemento “teatral”, mais elas gostam. Quanto maior for o “show”, quanto maior a “ilusão”, em certo sentido, mais probabilidade haverá para que elas acreditam no engano. O mesmo acontece com igrejas que só tem “bebês” espirituais, começando pelos seus líderes.

Não há unidade fora da Verdade de Deus. Note que em Atos 2.42 a comunhão vem depois da doutrina. Afastar-se disto, rompe com a verdadeira unidade da fé e gera desunião.

“É-nos dito que a fé cristã não pode ser declarada em preposições, que é algo místico que não se pode analisar nem se pode colocar numa série de definições expondo o que é certo e o que é errado. Dizendo isso, essas pessoas não só estão indo contra a prática da Igreja dos primeiros séculos, quando ela traçou os seus credos e confissões de fé; também estão negando o ensino do próprio Novo Testamento, que sustenta que tanto se pode definir a verdade, que é possível dizer que um homem se desviou dela. Pois, como pode se dizer que um homem se desviou de uma coisa se não sabe que coisa é essa? A pressuposição geral é que a doutrina pode ser definida e descrita com exatidão”.

Em defesa da verdade do evangelho

Paulo recomendou aos Filipenses: “que vocês permanecem firmes num só espírito, lutando unânimes pela fé evangélica” (Fl 1.27). Qual é o tipo de unidade que o apóstolo recomenda? A unidade no Evangelho, nas coisas essenciais. São as questões absolutas do evangelho, como por exemplo: a ressurreição literal e física de Jesus. Observe que sem esta doutrina não há Evangelho (1 Co 15.14 e 17).

“Se há algo que necessitamos muito, é uma dose maior de discernimento que nos permita distinguir entre verdades essenciais do evangelho, que não podem ser comprometidas, e as ‘questões indiferentes’ sobre as quais, por serem de importância secundária, não precisamos necessariamente insistir. Talvez o nosso critério para decidir qual é qual, um princípio verdadeiramente evangélico porque leva em conta a supremacia das Escrituras, deveria ser o seguinte: sempre que cristãos igualmente bíblicos, que estejam igualmente desejosos de compreender os ensinamentos das Escrituras e a submeter-se à sua autoridade, chegarem a conclusões diferentes, nós deveríamos deduzir que, evidentemente, a Escritura Sagrada não se manifesta com clareza total quanto a essa questão, e portanto um deve poder dar liberdade ao outro. E ainda podemos esperar que orando, estudando e discutindo em conjunto consigamos chegar a um entendimento e concordância”.

Como disse Petrus Meudelin: “Unidade nas questões essenciais, liberdade nas não-essenciais, amor em todas as coisas”. A lista das questões não-essenciais vai longe. Deixe-me apenas citar algumas: batismo, forma de governo da igreja, culto ou liturgia, dons espirituais, missões, etc. Como diz John Stott, nestas questões secundárias, podemos dar a cada um a liberdade de consciência, e deixando intacta as verdades cristã primárias, especialmente aquelas que tem a ver com a Pessoa e obra de Jesus Cristo.

Aplicação Pessoal

 – Qual é a sua maior dificuldade em alinhar-se as doutrinas essenciais da Palavra de Deus?

– Quais são algumas formas objetivas e práticas para melhor se alinhar às doutrinas essenciais da Palavra?

– Qual destes itens você pretende colocar em prática nesta semana? Como você pretende fazer isso?

 

Autor do Estudo: Josadak Lima

Retirado de UNIDADE – a missão conciliadora da igreja. Publicado com permissão.

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