Semelhança com Cristo
– Um molde pra chamar de seu
Estudo 2 – Série Livros – O Discípulo Radical, John Stott
Texto básico: Romanos 8. 28-29
Textos de apoio
– 1 João 3. 2
– 2 Coríntios 3.18
– Filipenses 2. 5-8
– João 13. 14-15
– Efésios 5. 1-2
– 1 Pedro 2. 18, 21
Introdução
Estudando o primeiro capítulo do livro, discutimos sobre aquilo que um “discípulo radical” não deve ser: conformado. Em outras palavras, tratamos da tensão inerente ao discipulado cristão, que é servir ao mundo sem se amoldar aos valores contrários ao reino de Deus.
Mas as Escrituras não dizem respeito apenas ao que não devemos ser. Elas se ocupam também, e bastante, com o lado positivo desta questão, ou seja, com o que devemos ser como discípulos de Cristo. Neste estudo queremos tratar disso: nosso chamado a vivermos uma vida semelhante ao nosso Mestre (1 Jo 2.6).
Logo no início deste capítulo Stott compartilha conosco que ele “gostaria de compartilhar o que tem feito [sua] mente descansar ao [se] aproximar do fim de [sua] peregrinação pela terra”. E continua: “Deus quer que o seu povo se torne como Cristo, pois semelhança com Cristo é a vontade de Deus para o povo de Deus” (p. 23). O que significa ser mais parecido com Jesus, à medida que vou ficando mais velho? Existem áreas ou dimensões em minha vida que necessitam mais desta “semelhança”?
Para refletir e entender o que a Bíblia fala
- Stott cita três textos bíblicos que, conjunta e respectivamente, conformam “três perspectivas (passado, presente e futuro) e todas apontam para a mesma direção: o eterno propósito de Deus (nós fomos predestinados [Rm 8.29]); o propósito histórico de Deus (estamos sendo mudados, transformados pelo Espírito Santo [2 Co 3.18]); e o propósito escatológico de Deus (seremos como ele [1 João 3.2])” (p. 25). De que forma este conhecimento de que Deus cuida de toda a sua existência, na verdade até mesmo antes de você existir, pode lhe dar mais ânimo e ousadia para “andar como Cristo andou” em cada uma das áreas de sua vida?
- Ainda que a encarnação de Cristo seja um evento único, sem necessidade de repetição, “todos nós somos chamados a seguir o exemplo de sua humildade” (p. 26). Em Filipenses 2. 5-8, lemos a respeito do “processo” da encarnação de Cristo. Ao tornar-se homem, Cristo não perdeu sua natureza divina, mas abriu mão de ser tratado como Deus, que era. Podemos pensar aqui que é uma atitude oposta à de Adão, que buscou “ser igual a Deus” (Gênesis 3. 5, 22). Por que temos tanta dificuldade em imitarmos a Cristo, e tanta facilidade em imitarmos Adão? Se passássemos a imitar mais a Cristo, quais seriam as implicações para os nossos diversos relacionamentos (em casa, na igreja, na sociedade)?
- Um aspecto que se relaciona diretamente com a humildade de Cristo é sua entrega ao serviço. Um dos exemplos mais fascinantes desta atitude de Jesus foi o exercício do lava-pés, durante a última ceia com seus discípulos, onde Jesus nos pede para seguir seu exemplo (João 13. 14-15). Sabemos que o trabalho assumido por Jesus era reservado aos escravos, e, assim, Jesus nos ensina mostra que “não devemos considerar nenhum tarefa simples ou humilhante demais” (p. 27). O que, na nossa cultura, poderia ser comparado a este “lava-pés” de Jesus? Ou seja, fazer aquilo que ninguém quer fazer, por ser humilhante ou desconcertante demais?
- Na base de todo serviço está o amor. Por isso Paulo nos convida a sermos semelhantes a Cristo, andando em amor como ele “nos amou e se entregou por nós” (Efésios 5. 1-2). Segundo Stott, “Paulo está nos incentivando a ser como Cristo em sua morte; a amar com o amor do Calvário” (p. 27). Amor sacrificial. E “andar” nos remete a uma ideia de continuidade, de experiência cotidiana. Que características um amor como esse precisa apresentar? Um amor assim deve ser sem limites? Ou será preciso, em nome desse mesmo amor, estabelecer limites e confrontos no relacionamento com o próximo?
- Somos chamados à semelhança com Cristo também na questão do sofrimento, fortalecendo nossa longanimidade. Segundo o apóstolo Pedro (1 Pedro 2. 18, 21), o incentivo para suportarmos os sofrimentos injustos vem do fato de que “Cristo também sofreu, deixando-nos o exemplo para que sigamos seus passos” (p. 28). Segundo os versos 23 e 24 do capítulo 2 de 1 Pedro, qual era o comportamento de Cristo quando submetido à sofrimentos injustos? Ao mesmo tempo, existem sofrimentos e injustiças que exigem nossa reação posicionamento enérgico? Como pacificar essa aparente contradição?
- Qual deve ser o modelo para nossa atividade missionária? De acordo com este capítulo do livro, a última área em que devemos buscar semelhança com Cristo é justamente a sua missão. Segundo Stott, nos textos de João 17.18 e 20.21 nós nos deparamos não apenas com a “versão da Grande Comissão registrada no Evangelho de João; é também uma instrução para que a missão dos discípulos se assemelhasse à de Cristo” (p. 28). O que significa, em termos práticos, sermos enviados ao mundo por Cristo da mesma maneira que Cristo foi enviado ao mundo pelo Pai?
Hora de Avançar
O propósito de Deus é nos fazer como Cristo. E a forma como ele faz isso é nos enchendo com o seu Espírito Santo. (John Stott, p. 31)
Quem me segue não anda em trevas”, diz o Senhor (Jo 8.12). São essas as palavras de Cristo que nos exortam a imitar sua vida e costumes. Se verdadeiramente quisermos ser iluminados e livres de toda a cegueira de coração. Seja, pois, nosso principal empenho meditar sobre a vida de Jesus Cristo.
(Tomás de Kempis, Imitação de Cristo, Editora Martin Claret, 2001)
Para Terminar
- “A pregação mais eficaz provém daqueles que vivem conforme aquilo que dizem. Eles próprios são a mensagem” (John Poulton, citado na p. 30). A autenticidade da nossa vida, a coerência entre as nossas palavras e as nossas ações, são absolutamente imprescindíveis quando pensamos em nossa missão na sociedade. Em que medida esta tem sido uma preocupação sincera para você e sua comunidade local? Em que áreas da sua vida, objetivamente, ainda é perceptível uma distância considerável entre o que você diz e o que você pratica? O que fazer para encurtar essa distância? Como a sociedade em geral (no seu bairro, na sua cidade) avaliaria a sua igreja em termos de coerência e autenticidade?
Eu e Deus
Não adianta me dar uma peça como Hamlet ou Rei Lear e me dizer para escrever algo assim. Shakespeare podia fazer isso, eu não posso. E não adianta me mostrar uma vida como a de Jesus e me dizer para viver como ele. Jesus era capaz, eu não. Porém, se o gênio de Shakespeare pudesse vir morar em mim, então eu poderia escrever peças como as dele. E se o Espírito de Jesus pudesse vir morar em mim, então eu viveria uma vida como a dele.
William Temple (citado na p. 31)
Ore pedindo a presença e a capacitação do Espírito Santo para que você seja mais parecido com Jesus, na medida em que o tempo passa.
Leia mais
O Incomparável Cristo, John Stott, ABU Editora.
O Discípulo Radical, John Stott, Editora Ultimato.
>> Autor do Estudo: Reinaldo Percinoto Junior