Perguntas difíceis ao mestre Jesus

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PERGUNTAS DIFÍCEIS AO MESTRE JESUS

 

 

Base Bíblica:  Mateus 22.29
“Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus.”

Meditação Diária:
Seg  –  Mc 10.1-12
Ter  –  Mt 22.15-22
Qua  –  Mc 12.28-34
Qui  –  Lc 10.25-37
Sex  –  Jo 8.1-11
Sáb  –  Is 1.16-18
Dom  –  At 1.6-11

Durante Seu ministério terreno, Jesus sempre foi questionado sobre vários aspectos da Lei e o relacionamento desta com o evangelho. Nesta lição abordaremos algumas dessas perguntas.

O propósito não é, evidentemente, esgotar o assunto, mas, sim, dar uma visão geral de quem e porque fez a pergunta, o contexto em que foi feita e, então, fazer algumas aplicações.

1. É lícito pagar tributo a César ou năo? (Mt 22.15-17)

Nessa passagem lemos que os fariseus e os herodianos “consultaram entre si como o surpreenderiam em alguma palavra” (Mt 22.15). A palavra “surpreender” pode ser traduzida por “enganar”. Dá o sentido de pássaros que são presos por uma rede que de repente foi jogada sobre eles. Os fa­riseus buscavam enredar Jesus, colocá-Lo em situações constrangedoras, através de Seu próprio discurso. Eles esperavam qualquer palavra erra­da ou colocada erroneamente. Qualquer discurso que pudesse ser usado contra Ele.

Então, após uma introdução falsamente lisonjeira, os fariseus e os herodianos fizeram a Jesus uma pergunta problemática: “É lícito pagar tributo a César ou não?” (Mt 22.17)

O tributo aqui mencionado era provavelmente o – tributum capitis, um imposto que todas as nações conquistadas pagavam ao império ro­mano. O dilema de Jesus sobre a questão era que, se Ele dissesse que os impostos deveriam ser pagos, poderia ser acusado de negar a soberania de Deus sobre Israel, fazendo-Se inimigo dos judeus. Se dissesse que as taxas não deveriam ser pagas, Se faria ini­migo de Roma.

Era um ambiente profundamente hostil, pois os evangelistas retratam como Jesus via o coração daqueles homens: “Jesus, porém, percebendo-lhes a malícia” (Mt 22.18), ou “conhecendo­-lhes a hipocrisia” (Mc 12.15), ou “percebendo-lhes o ardil” (Lc 20.23). Havia uma mistura de malícia, hipocrisia e astúcia na cena que se criara.

Jesus, então, responde com firmeza: “Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo” (Mt 22.18-19). A razão de palavras tão duras é que esse imposto era pago com uma moeda romana, o denário, na qual estava estampada a imagem do imperador. Essa moeda era usada normalmente pelos judeus em suas transações comerciais, mostrando que eles mesmos achavam legal pagar o tributo, o que fazia seu questionamento mera hipocrisia. Jesus, então, disse a eles: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (22.21). Pode-se tirar duas lições daqui.

1.1 Dai a César o que é de César

O princípio estabelecido nessa passagem reveste-se de profunda importância. Há uma obediência que todo crente deve ao governo civil da nação da qual é cidadão, em todas as questões que não sejam de natureza puramente espiritual. Ele pode não aprovar todas as ações desse governo, mas deve submeter-se às leis enquanto vigorarem.

1.2 e a Deus o que é de Deus

Todo cristão deve oferecer nada mais, nada menos que sua vida: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável” (Rm 12.1).

Você age com coragem e determinação quando confrontado em suas convicções?

2. É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher? (Mc 10.1-12)

Jesus seguia Seu caminho para o Sul. Havia deixado a Galileia e chegado à Judeia. Ali al­guns fariseus se aproximaram e fizeram uma pergunta sobre o divórcio, com a qual pensavam prová-Lo: “É lícito ao marido repudiar sua mulher?” (Mc 10.2).

O que fazia a presente situação de Jesus tão crítica era que naquele tempo havia duas escolas rabínicas religiosas e filosóficas diferentes entre os judeus: Shammai e Hillel. A escola de Shammai defendia a posição de que um homem não poderia mandar sua mulher embora exceto por motivos de infidelidade conjugal. A escola de Hillel defendia a posição de que o homem poderia mandar sua mulher embora por qualquer motivo que ele entendesse ser cor­reto, até mesmo se ele encontrasse outra mulher que o agradasse mais.

O contexto social daquela época era um agravante da situação, pois o homem era incon­dicionalmente o cabeça do lar, portanto seus direitos e prerrogativas sempre prevaleciam em quaisquer assuntos. Por outro lado, a mulher, entre os judeus, e outras nações da antiguidade, ocupava posição de inferioridade e sujeição, estando sempre à inteira disposição do marido, sendo muitas vezes sua “posse mais valiosa”, já que o casamento, do ponto de vista da legislação judaica, era normalmente visto como um assunto de negócio, uma mera questão de propriedade.

O contexto religioso era outro agravante, pois os fariseus se baseavam na lei do divórcio relatada em Deuteronômio 24.1-4. Essa passagem se constituía no fundamento e no centro de toda a questão. O problema é que com o passar do tempo as leis referentes ao divórcio tornaram-se mais liberais e favoráveis ao homem. Somando-se esses dois contextos, o resul­tado indicava uma tolerância maior para o homem e maior rigor e rigidez para as mulheres.

Quando Jesus foi questionado pelos fariseus, em vez de debater as posições de ambos os grupos, Jesus os confronta com o ensinamento das Escrituras sobre qual é o propósito original do casamento. “Não tendes lido…”

  • “Deus fez um homem e uma mulher”. Cada homem deve ter somente uma mulher;
  • “Deixará o homem pai e mãe”. Isso significa que ele deve se ligar à sua mulher de uma maneira mais forte do que era ligado a seu pai ou sua mãe; o vínculo matrimonial deve ser mais profundo do que todas as outras relações humanas.
  • “E se unirá à sua mulher”. A palavra “unir” traz um significado muito forte. Sugere uma ligação tão forte que nada pode separá-los (Rt 1.14).
  • “Tornando-se os dois uma só carne”. Os dois, ou melhor, aqueles que eram dois, se tornarão um. Isso inclui sentimentos, afeições e interesses. Não terão vidas separadas, dividirão sonhos, expectativas, derrotas e vitórias. Estarão lado a lado em todos os momentos.
  • “Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem”. O argumento de Jesus é que desde que homem e mulher estejam tão intimamente unidos, “uma só carne”, e que desde o princípio Deus fez uma mulher para cada homem, o casal somente poderia se separar com a autorização e na autoridade de Deus.

Os fariseus, não satisfeitos com a resposta de Jesus perguntaram “Por que mandou, en­tão, Moisés dar carta de divórcio e repudiar? Respondeu-lhes Jesus: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim desde o princípio” (Mt 19.7-8). Jesus mostra a eles que o divórcio é uma anomalia permitida devido à “dure­za de coração” que domina o coração do homem. Dureza de coração significa “destituído de percepção espiritual”. Quando o coração fica duro e seco, a sensibilidade espiritual é abalada e a atuação do Espírito de Deus no convencimento do pecado e na convicção de perdoar fica comprometida.

Pense: o casal cristão não deve considerar a possibilidade do divórcio antes de refletir profundamente sobre o perdão de Deus.

3. Mestre, que farei para herdar a vida eterna? (Lc 10.25)

O diálogo que lemos entre Jesus e o doutor da lei é muito interessante. É bem provável que este já tivesse ouvido Jesus ensinando em alguma sinagoga, por isso pergunta a Jesus para experimentá-Lo: “Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” (Lc 10.25). O que aquele homem pretendia, na realidade, era comprovar se Jesus conhecia de fato a lei, se Ele diria algo contraditório a ela e, sendo assim, se poderia conseguir alguma vantagem contra Ele, para expô-Lo e envergonhá-Lo.

Jesus, então, pergunta: “Que está escrito na Lei? Como interpretas?” (Lc 10.26). Com essa pergunta Jesus passa a controlar o diálogo, pois, como um doutor da lei, a função daquele escriba era conhecer e interpretar a lei. Agora é ele quem está sendo testado. Ao responder “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e, amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lc 10.27), o doutor da lei se coloca exatamente onde Jesus queria, e ouve do Mestre: “Respondeste corretamente; faze isso e viverás.” (Lc 10.28). Aquele homem possuía o conhecimento da lei, mas será que estava disposto a agir de acordo com ela?

Quando foi confrontado com a impossibilidade de cumprir a lei para ser salvo, o escriba quis se justificar, perguntando: “Quem é o meu próximo?” (Lc 10.29). De acordo com os rabi­nos, somente poderia ser considerado “próximo” os concidadãos judeus. Os rabinos eram tão radicais que diziam não poder ajudar uma mulher gentia no parto porque isso significava trazer outro gentio ao mundo. Portanto, o doutor da lei esperava que Jesus lhe dissesse que seu “próximo” eram sua família e amigos.

Jesus, então, responde a pergunta do doutor da lei contando a parábola do Bom Samaritano.

A passagem nos conta que um viajante a caminho de Jericó foi assaltado. Pode-se imagi­nar que era alguém descuidado, pois as pessoas não cruzavam sozinhas aquele caminho levan­do mercadorias e objetos valiosos. Quase sempre se viajava em caravanas, buscando segurança.

Sacerdote. Um sacerdote que vem pela estrada vê o viajante caído à beira do caminho, mas não se detém para ajudá-lo. É muito provável que esse sacerdote tenha ficado temeroso de tocar o homem, pois caso ele estivesse morto, o sacerdote ficaria impuro por sete dias (Nm 19.11). Não tinha certeza de que o homem estava morto, mas caso estivesse poderia perder seu turno de serviço no templo. Isso revela que seus valores cerimoniais estavam acima do amor e da caridade.

Levita. Algum tempo depois, vem o levita passando pela estrada. Este parece ter atenta­do um pouco mais para o viajante, mas o levita sabia que muitas vezes os salteadores ficavam escondidos, e quando alguém de boa fé parava para ajudar era assaltado também. Portanto, ele também não parou para ajudar.

Samaritano. Então, vem o samaritano. Os samaritanos sempre foram odiados pelos ju­deus por motivos religiosos. Mas apesar disso, ele para e socorre aquele homem, demonstran­do muita compaixão e misericórdia.

Quando termina a parábola, Jesus faz a seguinte pergunta ao doutor da lei “Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores?” (Lc 10.36). Ao perceber que era necessário não apenas ter conhecimento da lei e sim aplicá-la à sua vida, o doutor da lei responde: “O que usou de misericórdia para com ele” (Lc 10.37).

A parábola de Jesus nos ensina três coisas:

  • devemos ajudar os que estão em dificuldades, mesmo que eles tenham culpa de estar naquela situação;
  • qualquer pessoa de qualquer nação que está em necessidade é nosso próximo;
  • a ajuda deve ser prática e não deve consistir de sentimentos apenas.

Pense: a sua compaixão pelas pessoas é verdadeira? Ela gera atos concretos?

4. E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes? (Jo 8.5)

A punição pela culpa de adultério ordenada pela lei era a morte (Lv 20.10). A forma particular de morte não foi especificada por Moisés, porém, os judeus haviam determinado por eles mesmos, no tempo de Cristo, que seria por apedrejamento. Mas a punição por adultério poderia variar, em alguns casos era por enforcamento. No período do profeta Ezequiel era ape­drejamento. Se o adultério fosse da filha do sacerdote, a punição era ser queimada até à morte.

Essa passagem nos diz que os escribas e fariseus trouxeram a Jesus uma mulher de quem a culpa era inegável (Jo 8.4). Os judeus, em sua maldade, a trouxeram na esperança de con­fundir o Senhor. Se Ele a condenasse, não seria o Salvador, pois a lei também faria isso. Se a deixasse ir, ignoraria e desautorizaria a lei. Durante alguns momentos, o Senhor permaneceu calado. Provavelmente, eles pensaram que Jesus estivesse em um beco sem saída. Finalmente, Ele disse: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra” (Jo 8.7). Os escribas e fariseus convencidos por sua consciência, saíram de cena confusos e derrotados. Que quadro mais triste e que palavra poderosa a do Mestre!

Jesus e a mulher são deixados sozinhos. Com consideração e amor para com a mulher, cuja culpa era conhecida, Jesus pergunta a ela: “Mulher, onde estão aqueles teus acusadores?” (Jo 8.10). Podemos imaginar Jesus continuando a falar: você pecou. Você foi pega e acusada. Os outros não puderam condená-la? Eu não o farei. É a graça e a salvação de Deus em ação. “vai e não peques mais” (Jo 8.11). Essa passagem nos ensina que os homens frequentemente são mais zelosos em acusar os outros do que cuidar da própria vida diante de Deus.

Pense: você está sempre pronto a demonstrar misericórdia às pessoas que agem contra você?

Conclusăo

A Escritura afirma que, após uma série de perguntas difíceis feitas a Jesus, “ninguém lhe podia responder palavra, nem ousou alguém, a partir daquele dia, fazer-lhe perguntas” (Mt 22.46). Nesse sentido podemos dizer que Jesus foi um homem acima de qualquer suspeita, porque a todas as perguntas Ele respondia sabiamente.

Uma preciosa lição temos a aprender: os crentes em Jesus Cristo deveriam buscar com mais zelo e dedicação as respostas às perguntas que o mundo nos faz. Muitas vezes dizemos que a Bíblia “não fala nada” sobre determinados assuntos, quando, na verdade, nós é que não pesquisamos como deveríamos. Vamos investigar melhor as Escrituras.

Autor da lição: Roberto Márcio Gomes
>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cristã Evangélica, na revista “Jesus Cristo Ontem, Hoje e Sempre”, da série Adultos. Usado com permissão.



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