Perdão: o pecado já era
SÉRIE REVISTA ULTIMATO
Artigo: “A ação terapêutica do perdão de pecados”, matéria de capa
Texto básico: Lucas 7. 36-50
Textos de apoio
– Gênesis 18. 1-5; 19. 2
– Salmo 23. 5
– Marcos 2. 13-17
– João 1. 29-30
– Hebreus 4. 14-16
– 1 João 1. 5 – 2. 2
Introdução
Não é difícil encontrarmos pessoas que consideram totalmente injusta a sua inclusão no “rol de pecadores dependentes da graça”, uma vez que elas não cometem pecados “sérios”: não roubam, não matam, não são corruptas como os políticos, e assim por diante. Claro que os pecados são diferentes em suas consequências para a sociedade, mas não em sua natureza diante de Deus. Para Deus, não há “pecadinho” e “pecadão” – todo pecado representa uma ruptura no nosso relacionamento com Ele.
Por isso, independentemente da amplitude pública ou social dos nossos erros, todos nós somos carentes da graça e do perdão de Deus. Somente o perdão de Deus pode nos alinhar novamente com o propósito original da nossa criação: nos relacionarmos em harmonia com Deus, com o próximo e com a natureza.
Você está convencido da sua dependência da graça e do perdão diário de Deus? Ou seu orgulho o tem levado para a trilha da autossuficiência? Ou ainda, quem sabe, você está no outro extremo desta questão, considerando-se tão indigno, mas tão indigno do perdão de Deus que acabou ficando prisioneiro da autodepreciação. Num, ou noutro caso, precisamos acreditar que Deus deseja a nossa liberdade completa, e o perdão é o veículo para isto.
Para entender o que a Bíblia fala
(adaptado de People Who Met Jesus, Rebecca Pippert, InterVarsity Press, 2004)
- Na sua opinião, por que o fariseu Simão convidou Jesus para aquele jantar? A omissão de Simão, quanto às três cortesias obrigatórias para qualquer convidado no Oriente Médio (vv. 44-46), nos revela algo sobre suas intenções?
- Se você estivesse presente como um espectador naquela noite, como vários que estavam ali, e fosse um judeu religioso, como você descreveria o que estava se passando nos vv. 37-38? O que você sentiria?
- Jesus sabia que ser tocado em público por qualquer mulher, ainda mais uma que tivesse má fama, mancharia muito sua reputação. Por que ele não a interrompeu e pediu que ela expressasse sua gratidão de uma maneira mais “socialmente aceitável”?
- Na parábola contada por Jesus (vv. 40-43), um devedor devia o equivalente a dois anos de salário, e o outro devia o equivalente a dois meses. Ao contar-lhe esta história, o que Jesus estava tentando provocar em Simão?
- O que as ações “extravagantes” daquela mulher, desde o momento em que entrou no jantar, revelam sobre o que tinha acontecido em sua vida por causa de um encontro com Jesus (vv. 44-48). Se fé (v. 50), gratidão e afeição a Cristo são evidências do estado espiritual de alguém, então o que a ingratidão de Simão revelam sobre ele?
- Como os outros convidados reagiram quando Jesus declarou que os pecados da mulher estavam perdoados (v. 49)? Que efeitos devem ter ocorrido na vida daquela mulher pelo fato de Jesus ter elogiado publicamente a sua fé (v. 50)?
Hora de Avançar
A chegada do perdão, o benefício do perdão, a alegria do perdão, a surpresa do perdão – a graça sempre surpreende – e o alívio do perdão acabam com o autonojo, o auto-ódio e a autodepreciação.
(Elben César)
Para pensar
A julgar pela resposta de Simão (v. 39), aquela mulher era uma “pecadora” bem conhecida. O que causou o maior choque não foi o fato dela estar lá sem ser convidada (era comum no mundo antigo ter moradores da cidade reunidos na “varanda” de casa quando um mestre importante estava presente), mas o fato dela ter se aproximado tanto de Jesus, com a permissão dele!
As ações desta mulher implicaram grande custo, carinho e emoção. Obviamente ela tinha ouvido falar que Jesus estaria naquela casa, durante o jantar. É possível que ela tenha ido até lá porque tinha ouvido a mensagem de Jesus antes, e tenha sido transformada por ela. Mas também é possível que ela estava ofendida pela forma como Simão insultou Jesus.
O que disseram
Se soubermos como é grande o amor de Jesus por nós, nunca teremos medo de ir a Ele em toda a nossa pobreza, toda a nossa fraqueza, toda a nossa indigência espiritual e fragilidade. De fato, quando compreendermos o verdadeiro sentido de seu amor por nós, haveremos de preferir vir a Ele pobres e necessitados. Nunca nos envergonharemos de nossa miséria. A miséria é para nós vantagem quando de nada precisamos a não ser de misericórdia.
(Thomas Merton, Na liberdade da solidão, Editora Vozes, 7ª Ed. 2001, pág. 31)
Para responder
- O que podemos aprender, neste estudo, sobre as atitudes que devemos demonstrar para evidenciar nossa salvação?
- Como vimos, Jesus arriscou sua reputação pública ao demonstrar compaixão pela mulher pecadora. Que riscos similares você pode ou deve enfrentar para ajudar pessoas necessitadas?
- Você tem avaliado o “tamanho” do amor que você tem demonstrado a Deus? Ele é consoante com o “tamanho” do perdão que você tem recebido? Como aprofundar sua consciência da necessidade do perdão de Deus?
Eu e Deus
O Senhor é indulgente, é favorável,
é paciente, é bondoso e compassivo.
Não fica sempre repetindo as suas queixas,
nem guarda eternamente o seu rancor.
Não nos trata como exigem nossas faltas,
nem nos pune em proporção às nossas culpas.(…)
Bendizei-o, obras todas do Senhor
em toda parte onde se estende o seu reinado!
Bendize, ó minha alma, ao Senhor!
Salmo 103. 8-10, 22 (Tradução da CNBB)
Autor do estudo: Reinaldo Percinotto Júnior
Este estudo bíblico foi desenvolvido a partir do artigo “A ação terapêutica do perdão de pecados”, matéria de capa, publicado na edição 362 da revista Ultimato.