O silêncio do sepultamento
SÉRIE OS ÚLTIMOS DIAS DE JESUS | Estudo 2
Texto básico: Lucas 23.50-56
Introdução
“Foi-lhe dado um túmulo com os ímpios e com os ricos na sua morte, embora não tivesse cometido violência nem houvesse engano algum na sua boca.” (Is 53.9)
Seu coração parou de bater. Sua respiração cessou. Suas células começaram a morrer por falta de oxigênio e nutrientes. Se um médico de nossos dias examinasse Jesus, diria: “Esse homem está morto.” Após as dores, a tortura e a vergonha, o Messias morreu. O relato histórico do sepultamento de Jesus é crucial, pois conecta sua morte à ressurreição. Após o grito da morte, só restou o silêncio do sábado. Mas esse silêncio foi carregado de honra, mesmo na humilhação da morte.
Segundo os Evangelhos, José de Arimateia, um membro do Sinédrio, pediu o corpo de Jesus a Pilatos e o sepultou em um túmulo novo (Mt 27.57-61; Mc 15.42-47; Lc 23.50-56; Jo 19.38-42). José era uma figura conhecida, e o sepultamento de Jesus seguiu as práticas judaicas da época. O corpo foi lavado e ungido com óleos e especiarias, conforme o costume funerário. Famílias mais abastadas usavam túmulos escavados em rochas, que podiam abrigar vários corpos ao longo do tempo. Devido ao clima quente e às leis judaicas, os corpos eram sepultados rapidamente, geralmente no mesmo dia da morte.
Mesmo em sua morte, Jesus recebeu um tratamento honroso. Ainda que, enquanto caminhava nesta terra, não tivesse onde reclinar a cabeça (Lc 9.58), José de Arimateia colocou sua reputação em risco para providenciar um lugar digno para o corpo de Jesus. Essa atitude foi o início de algo que ficaria ainda mais evidente: a exaltação de Cristo. Sua trajetória passou da mais profunda humilhação à mais absoluta exaltação:
“Para que ao nome de Jesus todo joelho se dobre, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Fp 2.10-11).
O silêncio do sábado precisava existir para que o fundamento da fé cristã fosse estabelecido. Para que houvesse um túmulo vazio, era necessário que houvesse um corpo, um sepultamento e um tempo de espera. Para que o coração voltasse a bater, os pulmões se enchessem novamente e as células retomassem sua função, era preciso ressurreição. Mas ela só viria após a humilhação da morte e o silêncio do sepultamento. A esperança seria restaurada após a mais profunda decepção. O sábado mais triste daria à luz o domingo do túmulo vazio. A morte foi vencida, e o Filho veio ao nosso encontro — essa é a nossa Páscoa!
Perguntas para reflexão
José de Arimateia tratou Jesus com dignidade, mesmo após sua morte. Como você pode honrar pessoas em situações de humilhação ou sofrimento?
Em sua vida, há situações em que você precisa agir com coragem, mesmo que isso signifique ir contra a opinião da maioria? Como você pode se preparar para esses momentos?
Como você lida com os momentos de “silêncio” em sua vida, quando parece que Deus não está agindo? O que você pode aprender com esses períodos de espera?
O sepultamento de Jesus foi necessário para que houvesse ressurreição. Como a esperança da ressurreição impacta sua visão sobre a morte, o sofrimento e os desafios da vida?
Oração
Onipotente Deus, nem a morte nem a vida podem nos separar do teu amor. Nós te louvamos na companhia dos anjos do céu, te louvamos juntamente com toda a Igreja espalhada pelo mundo. Nós te louvamos neste tempo de angústia e espera, e te suplicamos que olhes com misericórdia para esta família que é tua, pela qual nosso Senhor Jesus Cristo não hesitou em entregar-se, traído, às mãos de pessoas cruéis, e sofrer morte de cruz. Ele, que agora vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, pelos séculos sem fim. Amém.1
Canção
Venha sobre nós – Canto Verbo
Sobre nós e através de nós
Seja feita a Tua vontade
Nos ensine a Te imitar
Por aqui e em toda parte
Nossos pés, boca e mãos, nossa mente e coração
Tudo em Ti e para Ti.
Venha sobre nós Teu Reino
Faz brilhar em nós a Tua luz
Quem pode esconder uma casa sobre o monte?
No silêncio ou perigo
És a calma, a paz e o abrigo.
És amor em ação
Esperança e a canção.
Dos que choram és consolo
E dos famintos, profusão,
Dos perdidos, salvação.
[Coro]
Que as nossas obras mostrem o mover da Tua mão
Como sal que dá sabor e a luz que brilha e aponta
Para o Teu amor
[Coro]
Nota
1. Livro de Oração Comum
Estudo baseado no livro Os Últimos Dias de Jesus – O que de fato aconteceu?, N. T. Wright; Craig A. Evans
Autores do estudo: Luan Rodrigues e Pedro Paulo Valente, pastores na Igreja Presbiteriana de Viçosa, em Minas Gerais.