Versículo-chave: Romanos 8.38-39
“Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”
Texto devocional: 1João 4.7-21
Alvo da lição
Ao estudar esta lição, você compreenderá a importância da doutrina da segurança do crente, e entenderá que, à luz dessa doutrina, devemos ter plena convicção de que estamos seguros nos braços de Jesus e nada, mas nada mesmo, pode nos separar do amor de Deus.
Leia a Bíblia diariamente:
seg Rm 8.31-39
ter Ef 3.14-21
qua Gn 22.1-19
qui Is 50.4-9
sex 1Co 15.20-28
sáb 1Jo 4.7-21
dom 1Jo 5.1-5
Nosso texto básico é algo que muitas vezes ouvimos em cultos fúnebres, destacando especialmente os versículos 38 e 39 – “Porque estou bem certo de que nem a morte… poderá separar-nos do amor de Deus”. Mas o conteúdo desse capítulo todo traz conforto para o povo de Deus. Quantos crentes têm achado nele fonte de consolação para a alma, e esse último trecho é um belo hino, celebrando nossa segurança em Cristo.
É muito importante que consideremos o contexto desse trecho, porque Paulo, logo no começo, faz uma referência – “à vista destas coisas”. Quais são “estas coisas”? Não há dúvida que é uma referência às grandes convicções do versículo 28, estudadas na última lição. Paulo enfatiza que “sabemos” – mas você sabe, está lembrado?! Que Deus age a fim de que tudo contribua para o nosso bem? Nós somos aqueles “que amam a Deus”, chamados por Ele e predestinados para ser “conformes à imagem de seu Filho”. Como é maravilhoso saber que o fato de amarmos a Deus é porque primeiramente Ele nos amou e deu Seu Filho para nos salvar! A nossa salvação, do primeiro passo até o último, devemos ao propósito de Deus, que planejou tudo antes da fundação do mundo. Recebemos a Cristo, porque primeiro Ele nos recebeu e já havia planejado antes de o mundo existir! Como nossa mente finita pode explicar isso? Aceitamos essa grande verdade pela fé.
Paulo, então, no versículo 31, faz uma pergunta que é a base das cinco perguntas que se seguem. “Que diremos, pois, diante dessas coisas?” (NVI) Que podemos dizer a respeito de tudo já aprendemos no capítulo 8 de Romanos? Paulo está tão maravilhado com “a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade” do amor de Cristo, que “excede todo entendimento” (Ef 3.18-19) que não tem mais palavras para expressar a grandeza desse amor.
I. Se Deus é por nós, quem será contra nós? (Rm 8.31)
Deus nos separou para Si, então ninguém pode ser bem-sucedido contra nós. Se o Deus Todo-Poderoso está operando a nosso favor, nem um poder tem capacidade para frustrar Seus planos. A construção grega é mais bem traduzida como: Uma vez que Deus é por nós, quem será contra nós? Quantos inimigos temos contra nós! Vivemos num mundo incrédulo que nos odeia e age contra nós. No versículo 38, Paulo menciona os principados, anjos e demônios – tudo contra nós. Reconhecemos ser o pecado, que habita em nós, o nosso grande adversário, junto com o príncipe das trevas. Mas o fato de Deus ser por nós, ninguém pode ser contra nós. Foi Ele quem nos predestinou, chamou, justificou e glorificou, e vai nos guardar até ao fim. Quem pode ser contra nós? Não existe resposta para essa pergunta! Como Stott enfatiza: “Mesmo que todos os poderes do inferno se ajuntem contra nós, eles nunca prevalecerão, pois Deus está do nosso lado”. Satanás pode tentar fazer o que quiser, mas está acorrentado. Quem tem coragem de lutar contra nós, quando Deus está ao nosso lado, batalhando por nós?
Romanos para hoje
Você se lembra dessa verdade quando está sendo atacado pelo inimigo? Como a afirmação “Deus está o seu lado” muda sua perspectiva no meio de uma situação difícil?
II. Deus “não nos dará graciosamente com ele todas as coisas”? (Rm 8.32)
Será que Deus dará tudo que desejamos? Será que Deus vai suprir todas as nossas necessidades? O que Deus tem feito por nós? Paulo aponta para a cruz como resposta. “Aquele que não poupou o seu próprio Filho”. Que palavras maravilhosas! Elas imediatamente seriam lembradas por qualquer judeu que conhecia o Antigo Testamento, pois Deus as usou a respeito de Abraão, que não negou (poupou) o próprio filho (Gn 22.16). Abraão provou sua total lealdade a Deus quando estava pronto a oferecer o próprio filho. Assim também Isaque demonstrou obediência quando estava pronto a ser imolado. Por essa analogia, Paulo está enfatizando o amor do Pai e a obediência do Filho.
O que Deus tem feito por nós, em que estão nossas esperanças baseadas? “Deus não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou”. É interessante notar que o mesmo verbo “entregar” é usado em relação a Judas, aos sacerdotes e a Pilatos que entregaram” Jesus à morte. Stott comenta: “Octavius Winslow tinha toda razão ao escrever: ‘Quem entregou Jesus para morrer? Não foi Judas, por dinheiro; nem Pilatos, por medo; nem os judeus, por inveja – mas foi o Pai, por amor!’”
“Dará graciosamente…”. Essa palavra significa que Deus, pela Sua infinita graça, nos dá Cristo e tudo que Ele representa – perdão, amor, alegria. Se Ele nos deu tudo isso quando éramos inimigos, então vai dar tudo que precisamos agora que somos Seus filhos.
Será que Deus faria menos pelos Seus filhos do que fez pelos Seus inimigos? Uma vez que Deus já nos deu a maior das dádivas, acaso vai reter alguma de menor valor? Se Ele já pagou o mais alto preço, então não vai negar-Se a pagar algo de preço menor. “A incredulidade pergunta: ‘Porventura Ele dará?’ A fé pergunta: ‘Porventura Ele não dará?’” (Mackintosh). A cruz é a garantia de que Deus dará “graciosamente” tudo que necessitamos.
Romanos para hoje
Como a verdade “Deus dá o que você precisa” ajuda você a lidar com a falta ou com a abundância no dia a dia? Lembre-se do amor do Pai diariamente. Quando orar por suas necessidades, creia que Ele já está cuidando de tudo.
III. Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? (Rm 8.33)
O contexto desse versículo é de um tribunal. O pecador está no banco dos réus, mas onde estão seus acusadores? De fato, ninguém pode comparecer! Ninguém pode nos acusar, uma vez que Deus, nosso Juiz, já nos declarou justos, e Jesus, nosso Advogado, já “morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós” (Rm 8.34).
Não há dúvida de que pessoas ou fatos podem nos acusar. Nossa consciência tantas vezes nos acusa; o caluniador (o diabo) nunca cessa de nos acusar (ele é chamado acusador); e temos inimigos humanos que gostariam de achar uma falha em nós e nos acusam. Mas, graças a Deus, fomos escolhidos por Ele “antes da fundação do mundo”, e como tal, fomos justificados, e todas as acusações contra nós caem por terra.
Romanos pra hoje
Tenha em mente esse versículo quando for atacado pelas falsas acusações do inimigo de Deus. Você já foi perdoado, não tem de temer nenhuma acusação.
IV. Quem condenará os eleitos de Deus? (Rm 8.34)
Será que há alguém que pode condenar os eleitos? Ninguém pode nos condenar. Paulo dá quatro razões pelas quais o crente não pode ser condenado, mas considerado inculpável.
1. A morte de Cristo
Pela Sua morte, Jesus pagou a nossa culpa pelos pecados que nos levariam à condenação merecida. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar” (Gl 3.13).
2. A ressurreição de Cristo
Esse fato é um grande encorajamento para nós. Se Ele não tivesse ressuscitado, seríamos “os mais infelizes de todos os homens” (1Co 15.19).
3. A posição soberana de Cristo à direita de Deus
Temos um Amigo que também é o Juiz no tribunal.
4. A contínua intercessão de Cristo por nós
Que consolo saber que temos Alguém nos céus intercedendo por nós! De fato, ”nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1).
Se Cristo, a Quem foi confiado todo o julgamento, não julga o réu, mas intercede por ele, ninguém pode ter motivos válidos para condená-lo. Aleluia! Quem nos condenará?
Romanos para hoje
Você desfruta da liberdade trazida pela salvação? Lembre-se de que você não é condenado, mas livre e já recebeu a vida eterna.
V. Quem nos separará do amor de Cristo? (Rm 8.35-37)
Agora chegamos ao último desafio. Alguém é capaz de separar os justificados do amor de Cristo? Todas as circunstâncias adversas que podem causar separação em outras áreas da vida são consideradas, mas nem uma delas pode separar o crente do seu Salvador. Paulo apresenta uma lista de adversidades e adversários que poderiam ser considerados como fatores a nos separar de Cristo. Há sete itens mencionados: nem os açoites da tribulação, nem a angústia que inflige dor ao corpo e à mente, nem a brutalidade da perseguição, nem a fome, nem a nudez, que é a falta de comida ou de 56 vestimenta adequada, nem perigo, nem espada, que sem dúvida foi a experiência do próprio apóstolo Paulo, podem nos separar do grande amor de Cristo.
Paulo cita um salmo que descreve a perseguição do povo de Israel pelas nações devido ao seu amor para com o Senhor, por ter sido fiel ao Senhor:
“Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro”.
Não há dúvida de que, devido à nossa identificação com o Senhor, somos entregues à morte o dia todo. O surpreendente é que, em vez de nos separar do amor de Cristo, essas coisas nos aproximam Dele. Nós “somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou”.
Romanos para hoje
Quando você enfrentar perseguição por causa de Cristo, não se abata. Ele suportou grande sofrimento por você e está pronto a ajudá-lo a suportar toda luta que seja para a glória do Pai.
VI. O insuperável amor de Deus (Rm 8.38-39)
Agora chegamos ao clímax deste capítulo, como também dos primeiros oito capítulos de Romanos! Paulo termina afirmando: “eu estou bem certo”, “eu fui convencido e permaneço convencido” que nada “poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo”. Aqui temos dez itens que poderão nos separar do amor de Deus, mas logo ele os descarta. Paulo os menciona de dois em dois, e trata os dois últimos separadamente.
1. A morte com todos os seus horrores, e a vida com todos os seus encantos.
2. Anjos e principados, sobrenaturais em poder e conhecimento.
3. Coisas do presente que nos oprimem; coisas do porvir que nos deixam apreensivos.
4. Altura ou profundidade, fazem-nos lembrar do Salmo 139.8 – nem a altura mais sublime, nem o abismo mais profundo.
5. Os poderes, as forças do universo – muitos criam que o destino da humanidade era controlado por forças astrológicas.
6. Nem qualquer outra criatura, qualquer outra pessoa ou coisa na criação.
Nada, mas nada é capaz de “separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”!
“É esse o amor de Deus que, na mais sublime das manifestações, foi demonstrado na cruz (Rm 5.8; 8.32,37), foi derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, frutificou em nosso coração como resposta de amor e que, em virtude da natureza inabalável de Sua firmeza, nunca nos deixará, pois Seu compromisso é conduzir-nos com segurança até a glória final (Rm 8.35,39). Nossa certeza consiste, não em nosso amor por Ele, pois é um amor falho, mas em Seu amor por nós; este sim é inabalável, fiel e perseverante” (John Stott).
Romanos para hoje
Se algum dia você sentir falta do amor de Deus, pare, examine sua vida e relembre esta verdade: nada pode separar você do amor de Deus, nada mesmo.
Conclusão
O trecho de Romanos estudado nesta lição é exemplo de como doutrina e prática andam juntas. Paulo afirma a doutrina do amor de Deus, teologia pura, e a aplica na vida do crente. É fé em ação, o que cremos aplicado no dia a dia. Faça desse modelo de Paulo seu estilo de vida. Pratique aquilo que você crê.
Autor da lição: Pr. John D. Barnett
>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cristã Evangélica, na revista “Cartas aos Romanos”, da série Mega Teen. Usado com permissão.