7 dicas para interpretação do texto bíblico

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Quero compartilhar com você o método que eu utilizo, quando interpreto um texto bíblico. Vou lhe passar a prática da coisa, ou seja, passo a passo, o que eu mesmo faço.
Antes, porém, quero falar sobre o porquê da necessidade da interpretação bíblica. Por que a Bíblia precisa ser interpretada? Já não a temos em nossa língua? Apesar de termos várias versões da Bíblia traduzidas para o nosso Português, existem algumas razões que nos faz necessitar de alguma ferramenta que nos ajude a compreendê-la:

1ª – A Bíblia foi escrita durante aproximadamente 1600 anos, sendo que sua parte mais recente foi redigida no final do primeiro século da era cristã, ou seja, há praticamente 2000 anos atrás;

2ª – A Bíblia foi escrita por 40 escritores, em vários lugares, em meio a culturas diversas, em diferentes situações históricas;

3ª – A Bíblia foi escrita em 3 línguas antigas diferentes: hebraico, aramaico e grego.

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Então, cada uma dessas razões que apresentei acima são abismos, que nos separam dos escritores bíblicos.

Por exemplo: você sabe muito bem que, mesmo em nossa língua portuguesa, há diferentes significados para as palavras, principalmente entre as diversas regiões de nosso país.

Já conversou com alguém de outra região do Brasil? Percebeu as diferenças na linguagem, mesmo se tratando da mesma língua dentro do mesmo país?

Agora, se você conversar com alguém que fala o português de Portugal esta diferença aumentará consideravelmente.

Mais ainda: se você ler algo que foi escrito em português na época do descobrimento do país, então alguns trechos serão incompreensíveis!

Percebe porque digo que existem abismos que nos separam dos escritores bíblicos? Basta você multiplicar estas dificuldades acima pelos separadores citados, tempo, cultura, circunstância histórica, localização geográfica e língua, para que você tenha uma ideia destas diferenças.

As normas e técnicas de interpretação bíblica são ditadas pela Hermenêutica, que é a ciência que trata da interpretação dos textos bíblicos.

Neste artigo quero compartilhar o método que utilizo, quando estou interpretando um texto bíblico.

Antes de mais nada, vamos à “Regra de ouro” da Hermenêutica: a Bíblia interpreta a própria Bíblia.

Você utiliza esta regra ao comparar o texto que está estudando com outros textos semelhantes, na própria Bíblia. Para isto, você pode utilizar uma “Chave Bíblica” (ou “Concordância Bíblica, como também é denominada). Outra ferramenta muito útil é uma Enciclopédia de Assuntos ou de Tópicos, como a que está inserida em um dos modelos da Bíblia Vida e na Bíblia Thompson. Hoje em dia, com as Bíblias digitais, você também pode utilizar os buscadores internos de palavras.

Meu método de interpretação, que leva em consideração este e outros princípios hermenêuticos, é o seguinte:

Após escolher um texto bíblico, procuro entender aquela passagem:

1 – Procuro o significado das palavras que desconheço, ou que quero me aprofundar, utilizando os dicionários de português e bíblico;

2 – Reorganizo o texto, especialmente passagens que são cheias de intercalações de pensamentos, como as escritas pelo Apóstolo Paulo; identifico e organizo as interpolações, colocando as sentenças e orações em ordem lógica, para identificar os blocos de ideias e pensamentos do autor e, assim, ter a compreensão do texto;

3 – Estudo o contexto imediato, lendo e estudando os textos antes e depois da passagem;

4 – Estudo o contexto remoto, utilizando as ferramentas: referências, Chave ou Concordância Bíblica, Enciclopédia de Assustos ou Tópicos, etc.;

5 – Pesquiso o contexto histórico-cultural da passagem: quem escreveu, quando escreveu, onde escreveu, por que escreveu, para quem escreveu, em que circunstâncias históricas vivia o escritor e em qual cultura estava; quais os significados das expressões e costumes na época, e qual a visão teológica que ele tinha;

6 – Comparo as interpretações dos comentários bíblicos; se for uma passagem neo-testamentária, consulto “O Novo Testamento Interpretado – comentário versículo a versículo” da editora Milenium, por sua riqueza de comentários: baseado no texto original em grego, oferece várias linhas de interpretação, marcando a posição do autor;

7 – Comparo as diversas posições teológicas a respeito das doutrinas apresentadas no texto, para tirar minha conclusão sobre a teologia daquela passagem.

A Importância da Idéia Exegética

Após esse trabalho de pesquisa, redijo a ideia exegética da passagem, escrevendo do que a passagem trata, que nas minhas aulas denomino de “Assunto do texto”. Costumo arquivar esta ideia exegética, pois será útil para pesquisas futuras.

Esta ideia exegética ou assunto do texto é a base textual bíblica da minha pregação, da qual posso elaborar muitas pregações, utilizando as técnicas que ensino em minhas aulas de Homilética.

Mas, estarei falando a respeito, no próximo post.

Gostou deste artigo? Tem alguma dúvida ou argumento contrário? Não deixe de falar sobre isso nos comentários abaixo!

Sua opinião é muito importante para mim!

Prof. Paulo Grigório

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