Quando o povo se esquece de Deus

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O escritor e filósofo russo Alexander Soljenitsyn escreveu: “Quando criança, lembro-me de ter ouvido os mais velhos do meu povo apresentarem a seguinte explicação para os grandes desastres que recaíram sobre a Rússia: “Os homens esqueceram-se de Deus. Por isso tudo aconteceu”. Desde então, passei quase 50 anos trabalhando na história da revolução comunista. Se me pedissem que eu enumerasse hoje, de forma concisa, as principais causas da revolução que dizimou quase 60 milhões de vidas, não poderia explicar de forma mais precisa, senão repetir: Os homens esqueceram-se de Deus. Por isso tudo aconteceu”.

Se essa afirmação “profética” fosse proferida por um teólogo, ou por um pastor, ou fosse obra de algum religioso conhecido, certamente não teria o alcance e a repercussão que teve. Mas o que Soljenitsyn afirmou a respeito da Rússia, historicamente falando, pode ser dito a respeito de várias nações e povos ao redor do mundo.

Veja o que ocorreu com Israel. O povo de Israel viveu escravizado no Egito por quatrocentos anos, mas foi libertado pela mão poderosa de Deus, que levantou e capacitou Moisés para essa tarefa aparentemente impossível. Após o juízo de dez pragas sobre a nação egípcia, Israel foi finalmente liberto daquele jugo e saiu enriquecido da terra com mui grande despojo. Perseguido pelo exército egípcio, milagrosamente viu diante de si o Mar Vermelho se abrir, e o atravessou a pés enxutos. Todo o exército inimigo sucumbiu quando o mar se fechou.

Enfim, a gloriosa liberdade! Muito embora tivesse Israel de enfrentar o inóspito e causticante deserto do Sinai, durante quarenta anos Deus alimentou o povo com o Maná que descia dos céus, e também, em duas ocasiões de secas extremas, fez sair milagrosamente água da rocha para saciar sua sede. Durante o dia, Deus protegia Israel do sol inclemente com uma nuvem; e de noite, com uma coluna de fogo. Todo aquele povo presenciou inúmeras manifestações da glória de Deus, recebeu os Dez Mandamentos, e durante quarenta anos ninguém adoeceu nem teve as roupas e sandálias desgastadas. A presença de Deus era corriqueira, e a operação do Seu poder, absolutamente normal.

Seria possível que esse mesmo povo se esquecesse de Deus?

Ora, Israel não somente se esqueceu de Deus, mas também se voltou para adorar ídolos mudos, surdos e inoperantes de outros povos. O problema é que, tão logo se esqueciam de Deus, muitas coisas ruins aconteciam.

O escritor Don Richardson, em seu livro “Fator Melquisedeque”, mostra que vários povos tiveram um conhecimento prévio de Deus e, como muitos, finalmente o esqueceram.

Nos tempos antigos, quando os gregos enfrentaram uma praga que dizimava sua população, o profeta cretense Epimênides os orientou a elevar altares “AO DEUS DESCONHECIDO”, que habitava nos céus. Mesmo com pouca revelação, os gregos se voltaram para Deus, e a praga cessou. Mas o tempo passou e eles se esqueceram de Deus.

O apóstolo Paulo, alguns séculos depois, anunciou o evangelho no Areópago, em Atenas, apontando para um desses altares, dizendo: “Porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio” (Atos 17.23). Os gregos haviam se esquecido de Deus, e Paulo, agora, voltava para lembrá-los novamente que Deus ainda os amava.

Os cananeus eram notórios por sua idolatria, sacrifício de crianças, homossexualismo legalizado e prostituição sacralizada nos templos. Foi dentre eles que surgiu um homem chamado Melquisedeque (melchi, rei; zadok, justiça), rei de justiça, um nome aparentemente impróprio diante de um povo tão devasso. Mas foi esse homem que abençoou a Abraão, o pai da fé. Ele era grande e tinha uma revelação de Deus tão especial que o sacerdócio de Jesus não foi estabelecido segundo a ordem dos levitas (de Levi, bisneto de Abraão), mas segundo a ordem de Melquisedeque (Hebreus 7.17). Depois, os cananeus também se esqueceram de Deus.

Pachacuti foi rei da admirável civilização inca, quando o império chegou ao seu apogeu (1471 d.C.). O povo inca adorava o sol. Mas Pachacuti chegou à conclusão que o sol (Inti) não era o verdadeiro Deus, pois se fosse, nenhuma coisa criada teria o poder de reduzir sua luz. Então ele concluiu que havia um Deus nos céus, criador de tudo, a quem chamou de Viracocha, que significava Senhor Onipotente.

Porém, para não desagradar os sacerdotes de Inti, Pachacuti concordou que Viracocha seria adorado somente pela nobreza, não pela plebe. Quando os espanhóis chegaram, a elite inca pensava que eles traziam a mensagem de Viracocha. Mas os espanhóis destruíram todos os nobres incas, e o resto do povo ficou sem o testemunho do Senhor. Deus foi finalmente esquecido.

O Brasil não é diferente. Deus tem sido generoso com esta terra, tem repetidamente enviado Seus mensageiros para anunciarem que ama os brasileiros. O povo de Deus está presente em todos os rincões deste imenso País, mas em muitos lugares Deus tem sido esquecido. Sua presença tem sido preterida por causa de formalismos religiosos e modismos espiritualistas com verniz evangélico. Muitos líderes, autoridades políticas e religiosas, outrora tementes a Deus, agora preferem vender a própria alma em troca de posição social e prestígio político.

Não seria a hora de o nosso povo se voltar para Deus? Brasil, lembra-te do teu Criador, sabendo disso: “Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”. Desperta Brasil!

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