O custo do discipulado

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Duas coisas se destacaram para mim nos últimos dez anos, desde que voltei do Equador:

  • As pessoas são extremamente disfuncionais em suas emoções (e estou incluído nisso!);
  • Como é difícil ser transparente e crescer em uma comunidade cristã.

Sim, isso não é novo. É desde o jardim do Éden, quando Adão se escondeu de Deus. Não houve muita mudança desde então.

Tenho percebido que muitas pessoas vêm à igreja com todos os sinais externos de sucessos. Eles até querem se envolver em programas e atividades. No entanto, com o passar do tempo, a dor emocional e a disfuncionalidade começam a aparecer. Ao menos, deveriam começar a aparecer à medida que as pessoas interagem umas com as outras numa vida em comunidade. Porém, muitas vezes fico aflito ao ver essas pessoas se afastarem. Elas se afastam das pessoas que querem cuidar delas e acompanhá-las por meio da prestação de contas. Frequentemente elas correm para uma igreja grande onde podem se esconder atrás do anonimato.

No pequeno grupo de 12 do Senhor Jesus, ele tinha a expectativa de que os discípulos trabalhassem suas diferenças. À medida que os conflitos pessoais eram superados, o mundo percebia que Cristo estava mesmo entre eles e que a Trindade trabalhava entre eles. Cristo queria que seus discípulos enfrentassem seus problemas, e não que corressem deles.

Dietrich Bonhoeffer descobriu a mesma coisa quando decidiu voltar à Alemanha, deixando sua situação confortável nos Estados Unidos, no meio da 2ª Guerra Mundial. Ele sabia que não poderia deixar os seus irmãos em um tempo tão difícil. Ele decidiu sofrer com seu povo alemão e enquanto isso, escreveu o livro O Custo do Discipulado. Nesse livro, Bonhoeffer diferenciou a “graça barata” da verdadeira graça que trabalha por meio dos conflitos e ajuda as pessoas a mudar em seu interior, através do poder de Deus.

Jesus moldou seus 12 discípulos na intimidade do ambiente de um lar, e enviou esses mesmos discípulos, de casa em casa, depois que o Espírito Santo desceu em Pentecostes. No livro de Atos, outros termos são usados no lugar de “discípulos”, como “irmãos/irmãs”, “cristãos”, “santos”, etc. Por que a mudança? Em parte, porque o fazer discípulos no Novo Testamento era via Igreja. Deus chamou a Igreja para moldar os discípulos na nossa era.

Nós não “vamos” à Igreja para nos tornar discípulos. O discipulado não acontece sentando, apertando algumas mãos, ou fazendo parte de um programa na igreja. Jesus nos chama ao discipulado em comunidade, enquanto compartilhamos de um compromisso uns com os outros. Em vez de fugir do conflito, vamos permitir que o Espírito Santo faça de nós discípulos fortes, enquanto interagimos uns com os outros, em comunidade.

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